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trata de algo terrível e, por isso, não podem demonstrar o amor.
O pior, na verdade, não é o ato. Não quero atenuar isso, mas as ações de
certas pessoas intimidam as crianças e as impedem de mostrar seus
sentimentos de verdade. Uma coisa está clara: há um amor profundo aí.
Apenas após reconhecê-lo é possível fazer algo para retirar a criança desse
emaranhamento. Nesse sentido, isso é um passo muito importante.
Vou dar um exemplo. No México, fizemos uma constelação com uma
sobrevivente do holocausto. Ela era bastante agressiva. Coloquei
representantes para as vítimas e para os agressores e ela se colocou em
frente aos agressores, de maneira desafiadora. Um deles disse a ela:
"Enquanto você me olhar dessa forma, ficarei cada vez mais forte. Se você
for humilde, não conseguirei mais ficar de pé."
A maioria dos agressores se sente superior. Quando, no trabalho social,
alguém se sente superior a um agressor, ele também se torna um agressor.
O sentimento de superioridade faz com que nos tornemos iguais a ele.
Também temos sentimentos agressivos e o levamos à justiça. Então somos
idênticos ao agressor, ao combatê-lo dessa maneira. Precisamos ter muito
cuidado aqui. Nesses casos, sempre tenho a criança em vista. Pergunto-me
o que se passa na alma da criança. Também não estou defendendo que não
devamos levar essas questões à justiça. São duas coisas diferentes. Uma é
de responsabilidade das autoridades públicas. Contudo, quem tem a criança
em vista não deve confundir as coisas. Ele não deve, simultaneamente,
iniciar essa perseguição. Só assim podemos ajudar a criança.
EDUCADORA: Tenho mais uma pergunta sobre as pessoas que atuaram como
representantes. No caso de um abuso, quando é colocada na constelação
uma mulher que tenha vivenciado um abuso em sua própria história, ela
reage de forma diferente de alguém que não tenha vivenciado isso
pessoalmente? Isso faz diferença na constelação?
HELLINGER: Em geral, não. Quando é assim, ela também pode resolver algo
para si vivenciando isso.