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edição de 12 de junho de 2023

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we<br />

mkt<br />

Alê Oliveira<br />

A moeda tempo,<br />

Spotify<br />

“Tempus fugit, portanto, carpe diem”.<br />

Rubem Alves<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

Na concorrência genérica, o que conta é a moeda<br />

tempo. Todas as <strong>de</strong>mais alternativas <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong><br />

nosso tempo que concorrem com o Spotify. E aí as coisas<br />

se complicam imensamente.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

fmadia@madiamm.com.br<br />

Todas as flexibilizações são possíveis, exceto a da<br />

moeda tempo que as pessoas dispõem. E que, cada<br />

vez mais, é mais escassa. Não é que o tempo<br />

diminuiu, o dia segue tendo 24 horas.<br />

É que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas alternativas que temos<br />

para alocar nosso tempo escalou ao infinito. Só as incursões<br />

no digital, que não existiam 20 e poucos anos<br />

atrás, hoje já tomam 25% do tempo das pessoas.<br />

A Timeless Society é a razão central da Nona Geração<br />

do Marketing. Anuncia-se no alvorecer do novo milênio.<br />

Em meu “O Gran<strong>de</strong> Livro do Marketing” registro sua<br />

chegada dizendo: “Nós, consumidores, passamos a ter<br />

em nossos bolsos uma nova moeda”.<br />

Saem cara e coroa e entram em seus lugares tempo<br />

e dinheiro. Dinheiro segue sendo o po<strong>de</strong>r aquisitivo.<br />

Tempo, o po<strong>de</strong>r restritivo. De nada adianta sobrar<br />

dinheiro se não temos tempo. Inverte-se o dito: Time is<br />

money... Money is time...<br />

Teve um tempo em era abundante e disponível todo<br />

o tempo do mundo. As horas <strong>de</strong>moravam para passar.<br />

Nem nos lembramos mais quando...<br />

Quando o Spotify <strong>de</strong>u o ar da graça, no dia 7 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 2008, era uma baita novida<strong>de</strong> e galopava<br />

sozinho. Uma espécie <strong>de</strong> corrida <strong>de</strong> um cavalo só, vindo<br />

muito distante, e numa mistureba monumental, o<br />

YouTube.<br />

De lá para cá, o YouTube passou por sucessivos aprimoramentos,<br />

a Amazon oferece um serviço muito parecido<br />

e próximo do Spotify para seus assinantes prime,<br />

outros concorrentes surgiram, e, muito especialmente,<br />

além da concorrência específica, a genérica multiplicou-se<br />

ao infinito.<br />

Conclusão, passados os anos <strong>de</strong> uma corrida <strong>de</strong> um<br />

cavalo só, Spotify, na concorrência específica são muitos<br />

nos competidores, e na genérica a concorrência é<br />

infinita.<br />

Serviços, fatos e acontecimentos em nossas vidas,<br />

que disputam o mesmo e reduzidíssimo tempo que dispomos.<br />

Dispomos?<br />

E aí, para tentar melhorar, mas piorando, o Spotify<br />

<strong>de</strong>cidiu oferecer num preço menor para os que se<br />

dispuserem a ouvir publicida<strong>de</strong> e, diante do aumento<br />

<strong>de</strong> custos por perda <strong>de</strong> assinaturas pagas, precisou aumentar<br />

os preços, ou seja, o pior <strong>de</strong> dois mundos.<br />

Mesmo assim, ainda, e em <strong>de</strong>corrência do pioneirismo<br />

e vendo enfraquecer a li<strong>de</strong>rança mundial em<br />

streaming <strong>de</strong> áudio, com mais <strong>de</strong> 30% <strong>de</strong> participação<br />

<strong>de</strong> mercado, os números que eram ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar gosto,<br />

migraram para o amarelo, e agora, <strong>de</strong> uns tempos para<br />

cá, vermelho <strong>de</strong> dar medo.<br />

No primeiro trimestre <strong>de</strong>ste ano, o prejuízo foi <strong>de</strong> €<br />

225 milhões, mesmo tendo a receita crescido em 14,3%.<br />

Não tem solução.<br />

Passado o período <strong>de</strong> graça quando uma inovação<br />

revolucionária cavalga sozinha, e tudo são flores, à medida<br />

que concorrentes <strong>de</strong> todos os gêneros e espécies<br />

vão chegando o cerco se estabelece, e as preocupações<br />

multiplicam-se.<br />

Essa é a nova realida<strong>de</strong>.<br />

E assim, todas essas espetaculares novida<strong>de</strong>s dos<br />

tempos mo<strong>de</strong>rnos têm um céu <strong>de</strong> briga<strong>de</strong>iro por no<br />

máximo três anos, a partir do quarto as preocupações<br />

vão se manifestando, lá pelo cinco e seis anos os resultados<br />

ten<strong>de</strong>m para o prejuízo, e até o 10 reinventar-se,<br />

revolucionar-se ou mergulhar em irreversível processo<br />

<strong>de</strong> partida, <strong>de</strong>spedida, fim...<br />

10 anos é o novo longo prazo...<br />

36 <strong>12</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> - jornal propmark

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