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Perspectivas Sobre o Controle da Infraestrutura - Livro Digital

Com textos de membros de órgãos de controle, profissionais do setor privado, acadêmicos e pesquisadores e membros de organizações da sociedade civil, o livro é organizado em duas partes, uma primeira dedicada às contratações públicas de infraestrutura e, a segunda, à promoção da integridade e controle de questões socioambientais no setor da infraestrutura.

Com textos de membros de órgãos de controle, profissionais do setor privado, acadêmicos e pesquisadores e membros de organizações da sociedade civil, o livro é organizado em duas partes, uma primeira dedicada às contratações públicas de infraestrutura e, a segunda, à promoção da integridade e controle de questões socioambientais no setor da infraestrutura.

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Parte I Contratações em INFRAESTRUTURA<br />

analisados, em apenas um deles houve análise<br />

por parte do Tribunal à luz <strong>da</strong> análise econômica<br />

do direito, o que revelou o uso pouco frequente<br />

desse arcabouço teórico.<br />

Esse distanciamento de pontos de vista entre controladores<br />

e gestores contratuais amparados na<br />

teoria suscitou a análise <strong>da</strong>s consequências dessa<br />

dispari<strong>da</strong>de para a segurança jurídica de quem<br />

decide acerca dos contratos incompletos, o que<br />

culminou na constatação de que o gestor de boa-fé<br />

pode ver seus atos confundidos com os <strong>da</strong>queles<br />

que se utilizam <strong>da</strong> incompletude contratual para<br />

ocultar interesses escusos.<br />

Por fim, buscou-se indicar alternativas que confiram<br />

segurança jurídica à atuação <strong>da</strong> cadeia de<br />

gestores públicos que li<strong>da</strong>m com contratos incompletos,<br />

que abrange projetistas, orçamentistas,<br />

ordenadores de despesa, gestores e fiscais de<br />

contrato. Nesse ponto, a gestão basea<strong>da</strong> em risco<br />

se mostrou um instrumento potencialmente<br />

benéfico para os gestores, por <strong>da</strong>r transparência<br />

e diminuir as assimetrias de informação entre eles<br />

e os controladores.<br />

O trabalho pretende ser um contributo para que<br />

órgãos de controle enxerguem o contrato incompleto<br />

a partir <strong>da</strong> ótica <strong>da</strong> análise econômica dos<br />

contratos, assim possibilitando uma atuação mais<br />

pragmática e aderente à reali<strong>da</strong>de dos contratos<br />

administrativos de infraestrutura. Para tanto, propõe-se<br />

que o termo “contrato incompleto” seja<br />

empregado apenas nos casos em que a ausência<br />

de contingências contratuais não se dê em razão<br />

de erro ou dolo por parte do gestor. Ou seja, onde<br />

as lacunas forem inerentes ao objeto contratado.<br />

1 A TEORIA DOS CONTRATOS INCOMPLETOS E SUA APLICABILIDADE AOS<br />

CONTRATOS DE OBRAS E CONCESSÕES DE INFRAESTRUTURA<br />

O direito contratual administrativo é balizado pela<br />

norma geral de licitações e contratos, cujos princípios<br />

estão expressamente elencados no art. 5º <strong>da</strong> novel<br />

Lei nº 14.133/2021. 2 Entre esses princípios figura a<br />

eficiência, tema que coloca esse segmento do direito<br />

administrativo na fronteira com a análise econômica<br />

do direito, onde a persecução <strong>da</strong> eficiência econômica<br />

é considera<strong>da</strong> um importante objetivo <strong>da</strong>s leis<br />

ou um meio relevante para atingir outros objetivos<br />

(BANDEIRA, 2015, p. 26-96). A análise econômica do<br />

direito aplica<strong>da</strong> aos contratos utiliza ferramentas <strong>da</strong><br />

ciência econômica que contribuem para compreender<br />

as falhas de mercado, que afastam as trocas de<br />

mercado do seu modelo perfeito.<br />

O modelo perfeito de contratação é o contrato<br />

completo, cujo conceito se assemelha ao de<br />

mercado perfeito e “perpassa pelos seguintes pressupostos:<br />

a) inexistência de custos de transação; b)<br />

racionali<strong>da</strong>de ilimita<strong>da</strong> dos agentes econômicos; c)<br />

existência de informações simétricas e perfeitas;<br />

d) escassez enquanto única limitação imputável<br />

às escolhas dos agentes econômicos; e e) inexistência<br />

de externali<strong>da</strong>des negativas.” (AGRA, 2020)<br />

A reali<strong>da</strong>de, contudo, revela-se muito distante<br />

desse modelo, com claras falhas de mercado que<br />

atingem os ajustes firmados pela Administração,<br />

deriva<strong>da</strong>s <strong>da</strong> assimetria de informação, dos custos<br />

de transação e <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de limita<strong>da</strong>.<br />

2 Segundo o art. 5º <strong>da</strong> Lei nº 14.133/2021: “Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios <strong>da</strong> legali<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> impessoali<strong>da</strong>de,<br />

<strong>da</strong> morali<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> publici<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> eficiência, do interesse público, <strong>da</strong> probi<strong>da</strong>de administrativa, <strong>da</strong> igual<strong>da</strong>de, do<br />

planejamento, <strong>da</strong> transparência, <strong>da</strong> eficácia, <strong>da</strong> segregação de funções, <strong>da</strong> motivação, <strong>da</strong> vinculação ao edital, do julgamento<br />

objetivo, <strong>da</strong> segurança jurídica, <strong>da</strong> razoabili<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> proporcionali<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> celeri<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> economici<strong>da</strong>de<br />

e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei<br />

de Introdução às Normas do Direito Brasileiro)”.<br />

PERSPECTIVAS SOBRE O CONTROLE DA INFRAESTRUTURA 11

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