edição de 11 de março de 2024
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inspiração<br />
O inimigo agora é outro<br />
Fotos: Arquivo Pessoal<br />
“Pois é! A turma da terceira ida<strong>de</strong> está chegando com tudo nos games:<br />
segundo o Euromonitor, 21% das pessoas acima <strong>de</strong> 60 anos já são gamers”<br />
Rafael Hessel<br />
Especial para o propmark<br />
Fim <strong>de</strong> ano. Aquele tempinho extra. Lá vou eu para o Fortnite. Tenho <strong>de</strong> admitir<br />
que ganhar <strong>de</strong> quem tem a meta<strong>de</strong> da sua ida<strong>de</strong> é excelente. Perdi bem mais que<br />
ganhei? Talvez. Isso não vem ao caso...<br />
O lance é que, para quem não sabe, existe uma rixazinha entre millennials e gen<br />
Z <strong>de</strong>ntro dos games. Na boa… quem eles pensam que são? Um bando <strong>de</strong> criados no<br />
carpete dos games. Só sabem o que é um fliperama se for <strong>de</strong>sses que vêm com 10, 15,<br />
20 mil jogos. (Haters dirão que é inveja minha)<br />
Pera aí. E se eu estiver errado? E se do outro lado da tela não for uma pessoa <strong>de</strong> 20<br />
anos? E se for a Rosalinda, <strong>de</strong> 70 anos, que já criou filhos, netos, e agora está <strong>de</strong>struindo<br />
no Fortnite com o nick “p3s4D3L1nH0”?<br />
Pois é! A turma da terceira ida<strong>de</strong> está chegando com tudo nos games: segundo o<br />
Euromonitor, 21% das pessoas acima <strong>de</strong> 60 anos já são gamers regulares.<br />
E não pense que elas estão só matando tempo. Um estudo da Universida<strong>de</strong> da Califórnia<br />
revelou que os games são verda<strong>de</strong>iras aca<strong>de</strong>mias cerebrais para os mais velhos.<br />
Atenção, raciocínio rápido, habilida<strong>de</strong>s sociais... tá tudo lá.<br />
Minhas avós, por exemplo, eram gamers natas. Jogavam tranca e bingo com uma<br />
estratégia que nem os melhores millennials ou gen Z possuem. E, quer saber? Elas jogavam<br />
pelos mesmos motivos que qualquer um <strong>de</strong> nós: para encontrar os amigos e, claro,<br />
para sentir o doce sabor da vitória.<br />
Outro dia tava zapeando pelo TikTok e <strong>de</strong>i <strong>de</strong> cara com um ex-sniper aposentado do<br />
Exército americano, já na terceira ida<strong>de</strong>, que “hitou” dando dicas no Battlefield - game<br />
da Eletronic Arts. O cara entrou no servidor e agora tá dominando entre os novatos.<br />
Quem diria?<br />
Por outro lado, a tecnologia ainda é uma barreira clara para os idosos. Enten<strong>de</strong>r os<br />
games mais recentes po<strong>de</strong> ser tão <strong>de</strong>safiador quanto explicar para uma criança o que<br />
é um VHS ou, pior, um pager.<br />
Precisamos <strong>de</strong> games mais intuitivos, que não exijam cursinho para entrar (Alô<br />
Anglo, tá aqui uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> negócio, hein?). Se conseguirmos trazer mais gerações para<br />
o mundos dos games, talvez dê para diminuir o abismo entre elas. Imagina só, avós<br />
e netos passando o tempo juntos no Lego Fortnite, construindo suas vilas, compartilhando<br />
histórias pelos chat <strong>de</strong> voz e criando memórias que vão além das diferenças<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Quem sabe o crescimento e a evolução da indústria dos games esteja mais conectada<br />
com a inclusão <strong>de</strong> novas gerações do que com o lançamento <strong>de</strong> novas tecnologias.<br />
A rixa gen Z-millennials-baby boomers vem aí.<br />
Rafael Hessel é diretor-geral <strong>de</strong> criação da Druid<br />
jornal propmark - <strong>11</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2024</strong> 29