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edição de 11 de março de 2024

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esg no mkt<br />

Alê Oliveira<br />

Utopia X distopia<br />

A <strong>de</strong>sesperança cresce quando nos damos conta<br />

que quase 700 milhões <strong>de</strong> pessoas passam fome<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

Não sei você, mas há dias em que o meu nível<br />

<strong>de</strong> esperança por um mundo melhor fica lá embaixo.<br />

O avanço tímido dos países signatários do Pacto Global<br />

da ONU, <strong>de</strong> 2015, nas ações <strong>de</strong> reversão do aquecimento<br />

global; o crescimento <strong>de</strong> forças conservadoras<br />

e xenófobas pelo mundo afora; o aumento da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>;<br />

os ODS – Objetivos <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável<br />

– sendo ignorados pela maior parte <strong>de</strong> governos e<br />

empresas; a forma como uma pan<strong>de</strong>mia nos impactou...<br />

A <strong>de</strong>sesperança cresce quando nos damos conta que<br />

quase 700 milhões <strong>de</strong> pessoas ainda passam fome no<br />

mundo, que não param os conflitos sanguinários – os<br />

da Rússia na Ucrânia e aquele entre Hamas e Israel estão<br />

mais na mídia, mas há outros pouco divulgados e<br />

<strong>de</strong>vastadores, como o do Haiti, a guerra civil na Síria e<br />

no Iêmen, o conflito Azerbaijão x Armênia em Nagorno-<br />

-Karabakh, entre outros.<br />

Enfim, tudo isso ajuda a criar uma visão distópica<br />

do mundo. Uma coisa meio Mad Max. Mas, <strong>de</strong> repente, a<br />

gente se dá conta dos perrengues que o homem já superou<br />

na Terra e a atuação <strong>de</strong> uma – ainda – minoria mais<br />

consciente e volto a ter um alento.<br />

No meu artigo anterior, aqui mesmo neste espaço,<br />

convi<strong>de</strong>i você a imaginar um mundo em que todos <strong>de</strong>spertassem<br />

para uma forma nova <strong>de</strong> atuar, seja na sua<br />

família, vizinhança, na empresa, em qualquer lugar.<br />

Que os princípios ESG passem a fazer parte do nosso<br />

dia a dia. Afinal, não <strong>de</strong>veria ser assim <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre?<br />

Não <strong>de</strong>veríamos respeitar o meio ambiente (E), as pessoas<br />

(S) e adotar postura ética (G) em todas as ações?<br />

Muita gente, principalmente empresários, reluta e<br />

adia a adoção <strong>de</strong> uma jornada ESG por achar que vai ter<br />

<strong>de</strong> mudar totalmente a forma com que atua.<br />

O que tenho procurado fazer na minha catequese ESG<br />

por aí é mostrar que nem sempre é necessária uma mudança<br />

radical.<br />

Muita gente já está cumprindo os critérios ESG naturalmente<br />

e nem sabe. Quando realizo um diagnóstico<br />

ESG junto aos meus clientes, muitos se surpreen<strong>de</strong>m ao<br />

“<strong>de</strong>scobrir” que já atuam em consonância com os princípios<br />

em diversos pontos. Já existe a prática <strong>de</strong> equida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> gêneros, por exemplo. A governança já está em<br />

compliance com as melhores práticas. Os resíduos já são<br />

classificados e separados para uma <strong>de</strong>stinação correta.<br />

Enfim... o que sempre digo é: ESG não é necessariamente<br />

uma certificação a ser obtida, mas, isso sim, a<br />

adoção <strong>de</strong> uma administração consciente e respeitosa.<br />

Começa com a premissa seguinte: A partir <strong>de</strong> agora,<br />

vamos incluir no nosso planejamento o impacto <strong>de</strong> todas<br />

as nossas ações.<br />

Se o impacto for negativo, vamos repensar a ativida<strong>de</strong>.<br />

Se for positivo, vamos potencializar. Pronto! Simples<br />

assim.<br />

Bem, peralá!, não tão simples. É preciso ter critérios<br />

claros e conhecer as variáveis que importam, quando se<br />

analisa a atuação da empresa.<br />

Na área ambiental, <strong>de</strong>vemos ter consciência <strong>de</strong> como<br />

consumimos água, energia e <strong>de</strong>mais insumos, além <strong>de</strong><br />

fazer uma gestão <strong>de</strong> resíduos competente e conhecer<br />

nossa pegada <strong>de</strong> CO2.<br />

Na área social, <strong>de</strong>vemos conhecer o perfil dos nossos<br />

colaboradores e perceber se estamos em linha com a diversida<strong>de</strong><br />

brasileira, se temos um número <strong>de</strong> mulheres<br />

equivalente ao <strong>de</strong> homens, participação expressiva <strong>de</strong><br />

pessoas pretas ou pardas e se incluímos PcDs e pessoas<br />

do espectro LGBT.<br />

Precisamos ter certeza <strong>de</strong> que obe<strong>de</strong>cemos toda<br />

a legislação e temos um ambiente <strong>de</strong> trabalho respeitoso.<br />

Olhando para fora, precisamos exercitar empatia e<br />

ter uma atuação social, <strong>de</strong> ajuda humanitária.<br />

E, envolvendo tudo isso, uma governança ética e<br />

consciente. Vendo <strong>de</strong>ssa forma, dá até uma esperança<br />

<strong>de</strong> que a mudança necessária para um mundo melhor<br />

não é tão utópica, não?<br />

O ser humano tem se mostrado capaz <strong>de</strong> reverter situações<br />

<strong>de</strong> risco e quero terminar este texto com essa<br />

visão utópica. Sim, utópica, mas não impossível. É só<br />

querermos!<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

é sócio-fundador da ESG4<br />

alexis@criativista.com.br<br />

30 <strong>11</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark

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