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edição de 18 de março de 2024

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inspiração<br />

Reinvenção<br />

Fotos: Arquivo Pessoal<br />

“Sentia que eu precisava apren<strong>de</strong>r algo que não estava ali, algo que<br />

me tirasse daquele lugar natural pra mim, o set <strong>de</strong> filmagem”<br />

Jabuka<br />

Especial para o propmark<br />

Muitas vezes nos pegamos pensativos sobre o que po<strong>de</strong>ríamos fazer para ser mais<br />

relevantes, ou mesmo mais felizes em nossas profissões. Quando estamos no<br />

automático e nada mais brilha os olhos, é natural nos questionarmos se é isso<br />

mesmo o que gostaríamos <strong>de</strong> fazer.<br />

No meu caso, a resposta foi sempre sim. Mas com incertezas, pois mesmo amando o que<br />

fazia, me sentia preso em um círculo on<strong>de</strong> eu não me sentia completo. Foi neste momento<br />

que resolvi dar um reboot na carreira.<br />

Minha carreira foi construída na base do autoconhecimento e resolvi que aquele momento<br />

era <strong>de</strong> repensar, olhar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro pra fora, para outros universos, mesmo que estes<br />

estivessem <strong>de</strong>ntro da minha área. Peguei minhas trouxinhas e fui pra Los Angeles apren<strong>de</strong>r<br />

uma nova língua, ver uma nova cultura.<br />

Larguei uma carreira para estar mais perto da Meca do cinema, enten<strong>de</strong>r por que nasciam<br />

tantos talentos naquele lugar. Isso me fez perceber o quanto po<strong>de</strong>mos nos beneficiar<br />

<strong>de</strong> pessoas diferentes que estão à nossa volta, algo que seria impossível se eu permanecesse<br />

<strong>de</strong>ntro da bolha on<strong>de</strong> estava. Sim, fui parar em outra bolha, mas isso não importa. Sair da<br />

nossa já nos faz enxergar que estávamos presos à rotina e isso é libertador.<br />

Tudo foi mágico, tudo era novida<strong>de</strong>, exatamente o que eu precisava naquele momento.<br />

Estando perto dos maiores diretores <strong>de</strong> cinema do mundo, eu consegui ver o nosso potencial<br />

por um novo prisma. Ainda que um mercado diferente, on<strong>de</strong> os profissionais tinham<br />

acesso a coisas que não tínhamos, sentia que eu precisava apren<strong>de</strong>r algo que não estava ali,<br />

algo que me tirasse daquele lugar natural pra mim, o set <strong>de</strong> filmagem.<br />

Em certo momento, recebi um convite “justamente por ser brasileiro”, para ser parte do<br />

núcleo criativo <strong>de</strong> uma das maiores agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> dos EUA. Percebi que eu tinha<br />

uma oportunida<strong>de</strong>, mesmo que na minha área, <strong>de</strong> pisar em um lugar antes não imaginado<br />

por um diretor brasileiro. Estar ao lado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s criativos, <strong>de</strong>ntro da agência que criou<br />

algumas das campanahas mais lendárias para Apple, era um sonho!<br />

Em um momento em que criativos <strong>de</strong> agências começavam a sair para se tornarem<br />

diretores <strong>de</strong> cena, eu estava fazendo exatamente o caminho inverso. Participei <strong>de</strong> campanhas<br />

extremamente criativas para clientes gigantes, participei <strong>de</strong> campanhas para o<br />

Grammys, discutimos novas i<strong>de</strong>ias para Gatora<strong>de</strong>, brigamos por contas gigantes, <strong>de</strong>cidimos<br />

caminhos visuais por toda agência. Realmente, uma experiência que não consigo resumir<br />

em um texto.<br />

Foi ali que percebi que estava realmente lapidando minha profissão como diretor. Estava<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> todo o processo criativo, <strong>de</strong>ntro das dificulda<strong>de</strong>s dos clientes, enten<strong>de</strong>ndo a<br />

fundo todos os pontos para se chegar em um resultado bom tanto para o cliente, quanto<br />

para criação.<br />

E vocês po<strong>de</strong>m perguntar, mas o que isso tem a ver com ser diretor <strong>de</strong> filmes? Bom,<br />

vindo <strong>de</strong> uma cultura autodidata, posso dizer que eu tinha muito conhecimento sobre craft,<br />

mas muito pouco sobre storytelling. Eu sabia fazer, mas ainda precisava apren<strong>de</strong>r a fazer<br />

com propósito. Eu tinha muito a entregar, mas pouco sobre o que eles realmente precisavam<br />

receber.<br />

A vida me <strong>de</strong>u a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> me aprofundar em um mercado tão complexo, mas ao<br />

mesmo tempo fabuloso, que é esse jogo entre os <strong>de</strong>sejos das marcas e o que realmente<br />

precisamos contar sobre elas. Hoje posso dizer que isso mudou minha percepção sobre a<br />

profissão e me tornou um diretor muito mais maduro e ainda mais apaixonado pelo que faz.<br />

Jabuka é diretor <strong>de</strong> cena da Untitled<br />

jornal propmark - <strong>18</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2024</strong> 31

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