edição de 18 de março de 2024
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esg no mkt<br />
Alê Oliveira<br />
Zeitgeist século 21<br />
Precisamos <strong>de</strong> um uma virada! Precisamos<br />
<strong>de</strong>terminar um novo comportamento humano<br />
Alexis Thuller Pagliarini<br />
O<br />
conceito <strong>de</strong> Zeitgeist foi introduzido por Johann<br />
Gottfried Her<strong>de</strong>r e outros escritores românticos<br />
alemães.<br />
Em 1769, Her<strong>de</strong>r escreveu uma crítica ao trabalho do<br />
filósofo Christian Adolph Klotz, introduzindo a palavra<br />
alemã Zeitgeist, que significa espírito <strong>de</strong> época, espírito<br />
do tempo ou sinal dos tempos.<br />
O Zeitgeist é o conjunto do clima intelectual e cultural<br />
do mundo, numa certa época, ou as características<br />
genéricas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> tempo.<br />
Feita esta introdução conceitual, gostaria <strong>de</strong> tratar<br />
do Zeitgeist do nosso século 21. Eu me consi<strong>de</strong>ro um privilegiado<br />
por ter vivenciado, não só uma virada <strong>de</strong> século,<br />
mas, também, uma virada <strong>de</strong> milênio.<br />
Se você é um millennial, nascido <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 2000, talvez<br />
não dê muita importância para este texto. Mas eu<br />
acho que essa virada <strong>de</strong> século e milênio marca um momento<br />
realmente especial para nós, humanos.<br />
Um estudo da revista Nature revela que, em 2020, a<br />
massa dos objetos construídos pela humanida<strong>de</strong> superou<br />
em peso a massa dos seres vivos pela primeira vez<br />
na história.<br />
Por isso, alguns cientistas chegaram a sugerir que<br />
entramos no Antropoceno, uma nova era geológica marcada<br />
pelo impacto do homem.<br />
Mas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates, um comitê<br />
organizado pela Comissão Internacional <strong>de</strong> Estratigrafia<br />
(ICS) e formado por cerca <strong>de</strong> 20 acadêmicos votou,<br />
recentemente, contra a proposta para <strong>de</strong>clarar o início<br />
do Antropoceno, essa era geológica caracterizada pelo<br />
impacto do homem na Terra.<br />
Continuamos, portanto, no Holoceno, período iniciado<br />
11 mil anos atrás, que marca o fim dos efeitos da última<br />
glaciação, gerando uma estabilida<strong>de</strong> ecológica com gran<strong>de</strong><br />
parte da fauna e flora ainda presente nos dias <strong>de</strong> hoje.<br />
Já imaginou se a conclusão dos cientistas fosse pela<br />
entrada no Antropoceno? Nós seríamos a geração que<br />
presenciou uma virada <strong>de</strong> século, <strong>de</strong> milênio e ainda <strong>de</strong><br />
uma nova era na Terra.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente disso, quero trazer para este<br />
texto a questão da nossa responsabilida<strong>de</strong> com o futuro<br />
da Terra. Isso mesmo!<br />
Embora não tenhamos entrado no Antropoceno, a<br />
ativida<strong>de</strong> humana na Terra está chegando a um nível <strong>de</strong><br />
impacto que po<strong>de</strong> simplesmente inviabilizar a vida das<br />
futuras gerações por aqui.<br />
Que responsabilida<strong>de</strong>! E, por mais alertas que já tenham<br />
sido dados, a reação do homem ainda é tímida e<br />
insuficiente para reverter o atingimento <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong><br />
não retorno.<br />
Ou seja, se não houver uma reação coletiva contun<strong>de</strong>nte,<br />
nós simplesmente <strong>de</strong>struiremos as condições<br />
tão especiais e – até que se prove o contrário – únicas<br />
no universo, que permite a existência <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seres<br />
humanos.<br />
O Pacto Global da ONU, firmado em 2015, obteve o<br />
compromisso formal <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 150 países <strong>de</strong> adotarem<br />
práticas para evitar que a Terra tenha um aquecimento<br />
superior a 1,5°C, em relação à era pré-industrial.<br />
E o fato é que não estamos conseguindo. A Terra continua<br />
aquecendo e até já superou, por um período <strong>de</strong><br />
tempo, esse limite perigoso.<br />
Pelo lado social, o mundo volta a ter guerras e vê<br />
aumentar o fosso da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, convivendo, por um<br />
lado, com multibilionários e, <strong>de</strong> outro, seres miseráveis,<br />
que mal conseguem o mínimo para sobreviver.<br />
Precisamos <strong>de</strong> um uma virada! Precisamos <strong>de</strong>terminar<br />
um novo comportamento humano, que consiga reverter<br />
essa jornada macabra. A adoção <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> mais<br />
consciente é urgente e <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>.<br />
Das pessoas físicas e jurídicas e, principalmente, dos<br />
governos. E o que é angustiante é que não vemos um<br />
movimento consistente acontecendo, a não ser em um<br />
grupo restrito <strong>de</strong> pessoas e empresas mais conscientes.<br />
Precisamos fazer com que seja natural usarmos os<br />
recursos da Terra racionalmente, que seja padrão o respeito<br />
e a empatia pelas pessoas alijadas <strong>de</strong> condições<br />
dignas <strong>de</strong> vida.<br />
Precisamos <strong>de</strong> um novo Zeitgeist! E urgente!<br />
Alexis Thuller Pagliarini<br />
é sócio-fundador da ESG4<br />
alexis@criativista.com.br<br />
34 <strong>18</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark