edição de 1º de abril de 2024

precisam ser processados e a IA torna
esse processo muito mais eficiente,
transformando esse importante volume
de informação em inteligência de negócio.
Essas aplicações foram essenciais,
por exemplo, para a construção de um
Globoplay robusto e escalável, contando
com entregas de publicidade direcionada,
venda de assinatura, atendimento e o
profundo conhecimento do consumidor”,
completa Barros.
No entanto, com a crescente presença
da IA na mídia, surgem preocupações
sobre a transparência e a imparcialidade
na produção de conteúdo. “Transparência
e imparcialidade sempre foram pilares
da atuação da Globo, independentemente
da tecnologia e sua utilização.
Entendemos que este é um campo novo
e adaptações devem ocorrer nos próximos
anos, inclusive no regulatório, com
o amadurecimento da tecnologia e do
mercado”.
A Globo assegura que a transparência
sempre foi um pilar fundamental de
sua atuação e está comprometida em
acompanhar de perto as discussões sobre
o uso responsável da IA na mídia, garantindo
que a tecnologia seja utilizada
de forma ética e transparente. “Estamos
acompanhando de forma criteriosa as
discussões e evoluções envolvendo o uso
da IA na mídia. Acreditamos no uso responsável
e transparente da tecnologia.”
Para Barros, o negócio de comunicação
sempre foi e continuará sendo
pautado pela tecnologia vigente, promovendo
mudanças e avanços de tempos
em tempos, mas sem jamais prescindir
do talento humano. Ele ainda destaca
que essas mudanças são naturais, mas
exigem adaptação para que possam resultar
em benefícios - seja para o consumidor
ou para o negócio.
“A continuidade deste processo evolutivo
é inevitável, com a IA generativa
trazendo robustez às automações e gerando
ainda mais inteligência, eficiência
e processos automatizados”. Ou seja, no
caso da IA generativa na mídia, a precaução
do mercado está no fato de que o
processo de criação do conteúdo sempre
foi uma prerrogativa humana. “No atual
cenário, acreditamos que a tecnologia
vai auxiliar na interpretação dos dados,
apoiar as tomadas de decisão e contribuir
para os processos criativos liderados
por nossos profissionais.”
Quanto ao futuro da relação entre
humanos e IA na produção e consumo de
notícias e outros conteúdos de mídia, a
Globo enfatiza que a indústria continuará
sendo baseada no talento humano. A
IA está presente como uma ferramenta
para otimizar processos e fortalecer a
criatividade das equipes, introduzindo
novos elementos interativos e imersivos
Raymundo Barros, diretor de estratégia e tecnologia da Globo
para uma experiência mais envolvente e
dinâmica.
“A IA já está presente na nossa realidade
como uma solução para otimizar
processos, gerar escala e ser uma aliada
dos nossos profissionais. Seu uso é muito
amplo e permite criação de gráficos
e efeitos visuais, auxilia na roteirização
e desenvolvimento de narrativas e pode
gerar experiências imersivas em realidade
aumentada e virtual”, ressalta Barros.
Ele exemplifica: recentemente a
Globo lançou um novo cenário para os
telejornais de rede que são ancorados
de São Paulo (‘Hora 1’, ‘Jornal hoje’ e ‘Jornal
da Globo’). O novo cenário possui um
megapainel de led curvo, com 15 metros
de extensão e 2,70 metros de altura, capaz
de integrar recursos de inteligência
artificial e a realidade aumentada, que
são introduzidos na tela do telespectador
de maneira orgânica, em uma experiência
que se assemelha ao uso dos
óculos de RA.
As novas ferramentas permitem que
os apresentadores explorem toda a extensão
da tela para interagir com outros
repórteres, enquanto apresentam gráficos,
mapas e outros elementos cruciais
para a compreensão da notícia.
O painel de led é altamente personalizável,
adaptando-se às necessidades específicas
do ‘Hora 1’, ‘Jornal hoje’ e ‘Jornal
da Globo’. Os cenários de cada programa
são modificados através de ajustes no
Globo/Renato Rocha Miranda/Divulgação
“A IA já está
presente na nossa
realidade como
uma solução”
grafismo do led, oferecendo controle de
iluminação para destacar ou suavizar a
visibilidade da redação ao fundo. Além
disso, cada noticiário é distinguido por
efeitos de luzes e projeções, criando
uma atmosfera única para cada um. Uma
outra inovação é a substituição dos monitores
tradicionais por painéis de led,
integrando-se perfeitamente ao cenário
inovador como um todo.
“O uso dessas tecnologias é uma forma
de trazer uma nova narrativa ao jornalismo,
mais interativa e imersiva, com
novos elementos que se conectam com a
história. A iniciativa está a serviço do jornalismo,
facilitando a criação de efeitos
visuais e gráficos”, diz Barros.
Outro exemplo foi a cobertura das
eleições de 2022. Na ocasião, o g1 produziu,
sob a revisão do time de jornalismo,
mais de 5.200 matérias e vídeos sobre os
resultados da votação em cada um dos
municípios a partir de dados do TSE, reunindo
dados e infográficos detalhados de
cada localidade. Para possibilitar a agilidade
necessária neste tipo de informação,
foi usada a IA, em um trabalho muito
ágil, que seria inviável de ser executado
por uma pessoa sozinha.
Falando em programas de televisão
da Globo, vale lembrar também da Eva
Byte, a primeira apresentadora feita por
computação gráfica do ‘Fantástico’. A
apresentadora foi mostrada por Glória
Maria e Zeca Camargo aos telespectadores
em 2004, surpreendendo o público
com a nova tecnologia.
Em 2023, Eva Byte ganhou sua versão
2.3, a equipe de Arte da Globo utilizou
inteligência artificial para recriar uma
versão da apresentadora virtual. Tão
avançada que Eva até concedeu um depoimento
exclusivo para o ‘Fantástico’,
demonstrando o poder da tecnologia na
transformação de experiências de mídia.
Já no âmbito do entretenimento, a
IA também se destaca como uma ferramenta
inovadora para a Globo. O ‘Big Brother
Brasil 2024’, apresentado por Tadeu
Schmidt, conta com o impulsionamento
de IA - uma das surpresas deste ano para
o reality show. A grande novidade foi a
introdução da câmera ‘Segue o Líder’ no
‘Big Brother Brasil’, que utiliza inteligência
artificial para acompanhar de perto
o rei ou rainha da semana na casa mais
vigiada do país. Essa tecnologia garante
que o público não perca nenhum momento
crucial, incluindo articulações e
conversas importantes sobre a formação
do paredão, por exemplo. Essa abordagem
promete proporcionar uma experiência
mais imersiva e envolvente para os
espectadores, ao mesmo tempo em que
revela o potencial da IA na indústria do
entretenimento.
Além de incorporar a IA em suas operações,
a Globo também está ativamente
envolvida na discussão e promoção
do debate sobre IA em eventos, como o
‘Movimento LED’ e no ‘Festival REC’n’Play’.
A empresa se posiciona como uma voz
influente nesse diálogo, propondo reflexões
sobre os impactos éticos, sociais
e regulatórios da IA na mídia e na
sociedade em geral. Por meio de sua
participação em eventos, a Globo busca
engajar diversos públicos, incluindo profissionais
do setor, estudantes, acadêmicos
e outros, visando a contribuir para o
desenvolvimento de políticas e práticas
responsáveis no uso da IA.
A Globo está aproveitando os benefícios
da IA para impulsionar a inovação
em sua produção de conteúdo, mantendo-se
fiel aos valores de transparência,
imparcialidade e excelência jornalística.
Com uma abordagem centrada no ser
humano, a empresa busca moldar o futuro
da mídia, em que a tecnologia e a
criatividade andam de mãos dadas para
oferecer experiências cada vez mais cativantes
e relevantes para o público.
jornal propmark - 1º de abril de 2024 17