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edição de 1º de abril de 2024

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esg no mkt<br />

Alê Oliveira<br />

Representativida<strong>de</strong><br />

LGBT+<br />

Não são poucas as campanhas que abordam essa<br />

questão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero com sucesso<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

Quando inicio um trabalho <strong>de</strong> alinhamento ESG nas<br />

empresas, proponho sempre começar com um<br />

censo entre os colaboradores.<br />

A realização do censo <strong>de</strong>ve ser cuidadosa, respeitando<br />

o anonimato dos respon<strong>de</strong>ntes, já que os dados obtidos<br />

são sensíveis.<br />

Pelo censo, i<strong>de</strong>ntificamos o percentual <strong>de</strong> pessoas<br />

que se auto<strong>de</strong>claram pretos ou pardos e os que se classificam<br />

como pertencentes ao universo LGBTQIAPN+, por<br />

exemplo.<br />

Os dados são importantes para <strong>de</strong>terminar a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> iniciativas inclusivas e ações afirmativas.<br />

Por exemplo, se o percentual <strong>de</strong> pessoas pretas está<br />

abaixo <strong>de</strong> 10,2%, cabe alguma iniciativa <strong>de</strong> equiparação,<br />

já que este é o percentual <strong>de</strong> pessoas que se <strong>de</strong>clararam<br />

pretas no último censo do IBGE, realizado em 2022.<br />

O i<strong>de</strong>al é que a empresa reflita internamente uma diversida<strong>de</strong><br />

semelhante à encontrada no Brasil. Quando o<br />

tema é o universo LGBT+, porém, há vieses importantes<br />

a serem consi<strong>de</strong>rados. Antes <strong>de</strong> mais nada, o tema ainda<br />

é tabu para muitas pessoas.<br />

Boa parte da população brasileira é conservadora e<br />

preconceituosa, o que <strong>de</strong>sestimula as pessoas informarem<br />

sem receios sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero. No último<br />

censo do IBGE – em 2022 –, as questões relacionadas às<br />

expressões <strong>de</strong> gênero ficaram restritas à homossexualida<strong>de</strong><br />

ou bissexualida<strong>de</strong>.<br />

O resultado foi que apenas 1,9% (2,9 milhões) se <strong>de</strong>clarou<br />

como pertencente a esses grupos. As associações<br />

e os grupos <strong>de</strong> estudos sobre i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero e o<br />

universo LGBTQIAPN+ questionam o baixo número, que<br />

inibe a formatação <strong>de</strong> políticas públicas e outras iniciativas<br />

pertinentes.<br />

Estima-se que esse número seja cinco vezes superior.<br />

Com base nisso, a Havaianas, que mantém ativismo consistente<br />

junto ao universo LGBT+, a<strong>de</strong>riu ao movimento<br />

All Out e contou com o respeitado instituto DataFolha<br />

para uma pesquisa paralela. Além da pesquisa, em si,<br />

<strong>de</strong>nominada ‘Pesquisa do orgulho’, a iniciativa compreen<strong>de</strong>u<br />

oito meses <strong>de</strong> viagens pelo Brasil, percorrendo<br />

150 cida<strong>de</strong>s, estimulando a participação <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong><br />

orientação sexual não binária. O resultado <strong>de</strong>sse movimento<br />

foi a obtenção <strong>de</strong> dados mais condizentes com<br />

a realida<strong>de</strong>.<br />

Na verda<strong>de</strong>, 15,5 milhões <strong>de</strong> brasileiros se i<strong>de</strong>ntificam<br />

com o grupo LBTQIAPN+. Este número representa 9,3% da<br />

população brasileira.<br />

O relatório da pesquisa alcançou 78 páginas com dados<br />

e informações sobre as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses grupos,<br />

suas relações familiares e suas agruras.<br />

Esse estudo foi transformado num case pela agência<br />

Media.Monks São Paulo, em nome da Havaianas, ren<strong>de</strong>ndo<br />

um Silver Lion no último Cannes Lions Festival (2023).<br />

Graças a esses dados mais confiáveis, po<strong>de</strong>mos ter a<br />

<strong>de</strong>vida dimensão do universo LGBT+ e formatar políticas<br />

e estratégias condizentes com esta representativida<strong>de</strong>.<br />

Não são poucas as campanhas publicitárias que<br />

abordam essa questão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero com<br />

sucesso. De cara, me lembro <strong>de</strong>, pelo menos, três cases<br />

ganhadores <strong>de</strong> Leões nos últimos anos.<br />

Lembro-me daquele da Coca-Cola que, corajosamente,<br />

envazou latas <strong>de</strong> Coca-Cola com o líquido <strong>de</strong> Fanta<br />

para combater a expressão homofóbica “Essa Coca-Cola<br />

é Fanta, hein!”.<br />

E a comunicação da Coca-Cola dizia: Essa Coca-Cola é<br />

Fanta, sim! E daí?. Logicamente, a tiragem foi limitada e<br />

dirigida à imprensa, lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> opinião e ativistas.<br />

Outro case ganhador <strong>de</strong> Leão foi o do Mercado Livre,<br />

que, durante a pan<strong>de</strong>mia, viabilizou uma Parada do Orgulho<br />

LGBT+ São Paulo totalmente virtual, tendo Gloria<br />

Groove como madrinha.<br />

E o terceiro, mas não menos importante, foi o ganhador<br />

<strong>de</strong> Grand Prix no Cannes Lions, criado pela VMLY&R<br />

para a Starbucks brasileira, que transformou ps seus<br />

cafés em verda<strong>de</strong>iros cartórios para pessoas trans dispostas<br />

a obter novo nome, condizente com sua nova<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero.<br />

Ainda que não seja por ativismo, as marcas precisam<br />

dar mais atenção ao universo LGBT+. Afinal, ele representa<br />

quase 10% da população brasileira.<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

é sócio-fundador da ESG4<br />

alexis@criativista.com.br<br />

34 <strong>1º</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark

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