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Revista de Psicanálise

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110Ir do traumático para o troumatismo será possível se, na clínica, <strong>de</strong>stacarmos o non-senseque se vincula ao «efeito <strong>de</strong> sentido» fazendo vacilar o sentido fixo e unívoco do acontecimento.Isso significa que o aci<strong>de</strong>nte, contingente, se marca como necessário (o que não cessa <strong>de</strong> seescrever), justamente porque falha na sua inscrição simbólica. Na clínica trata-se <strong>de</strong> passar <strong>de</strong>ssenecessário para o possível (o que cessa <strong>de</strong> se escrever). Uma analisante encontra no equívoco «invisível»esse real do corpo falante, o qual lhe permite articular um saber além do trauma factual,além da realida<strong>de</strong> que a localiza numa cena infantil traumática cujo excesso se imprime com amarca do gozo sexual. O sintoma fóbico equivocado pelo dito «in-visível» é testemunha <strong>de</strong> umcorpo torneado pela pulsão, eco do fato <strong>de</strong> que há um dizer.Concluindo. A análise opera a passagem do evento traumático para o troumatismo; darealida<strong>de</strong> para o real, do unívoco para o equívoco. A equivocação dá a pista <strong>de</strong> como o parlêtre éafetado pelo non-sense real. Trata-se, então, <strong>de</strong> ser engandos do necessário, <strong>de</strong>sse saber que nãopara <strong>de</strong> se escrever. No inconsciente: isso fala, isso goza (jouis-sens). Essa po<strong>de</strong>ria ser a razão pelaqual o traumatismo perdura na neurose. Essa po<strong>de</strong>ria ser também a razão pela qual o traumatismopo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>ixado cair. Aqui se enfatiza a disjunção entre saber inconsciente e verda<strong>de</strong>. Quando em1976 Lacan se pergunta O que é a verda<strong>de</strong>? Respon<strong>de</strong>: «es rastrear lo real que no consiste, que noexiste mas que em el nudo». 7 O efeito <strong>de</strong> sentido ilumina o jouis-sens (gozo-sentido), isto é: algoque faz a cifra do sentido. Eis o <strong>de</strong>safio e a aposta <strong>de</strong> uma análise.7 Lacan J. (1975-1976), El Seminario, libro XXIII, El sinthome. Buenos Aires: Paidos, 2006, p. 64.

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