Quereis ver Jesus? Contemplai-O na cruz! - Diocese de Leiria Fátima
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2. A amiza<strong>de</strong> como o “cimento da cida<strong>de</strong>”<br />
. escritos episcopais .<br />
A amiza<strong>de</strong> é-nos apresentada já no mundo clássico, pelos pensadores antigos,<br />
Platão e Aristóteles, <strong>de</strong>pois retomados por S. Tomás <strong>de</strong> Aquino, como<br />
o “cimento da cida<strong>de</strong>”. Para o bem-estar <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong>, diziam, requer-se,<br />
sem dúvida, a boa vonta<strong>de</strong> dos cidadãos e um bom go<strong>ver</strong>no. Mas há algo<br />
mais substancial, que dá suporte <strong>de</strong> fundo à vida dos homens <strong>na</strong> cida<strong>de</strong>, que<br />
é a amiza<strong>de</strong>. A amiza<strong>de</strong> que leva à concórdia, que permite fazer comunida<strong>de</strong>,<br />
estabelecer relações comunitárias, a amiza<strong>de</strong> que faz prosperar a cida<strong>de</strong>.<br />
A amiza<strong>de</strong> exprime-se antes <strong>de</strong> mais para com a cida<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>ramos a<br />
cida<strong>de</strong> quase como uma pessoa viva, uma pessoa com vida.<br />
Um gran<strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte da câmara, filósofo, teórico e poeta da cida<strong>de</strong>, G.<br />
La Pira, presi<strong>de</strong>nte da câmara da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florença em Itália, em 1954 escrevia<br />
este texto lindo sobre a cida<strong>de</strong>: “As cida<strong>de</strong>s têm um rosto próprio, têm<br />
por assim dizer uma alma e um <strong>de</strong>stino próprios. Não são meros armazéns <strong>de</strong><br />
pedra; são misteriosas habitações dos homens e, mais ainda, <strong>de</strong> certo modo,<br />
misteriosas habitações <strong>de</strong> Deus”. Sim, também Deus habita <strong>na</strong>s cida<strong>de</strong>s dos<br />
homens!<br />
La Pira capta com luci<strong>de</strong>z a relação entre a pessoa e a cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a<br />
po<strong>de</strong>r afirmar que a crise do nosso tempo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como um <strong>de</strong>senraizamento<br />
do contexto orgânico da cida<strong>de</strong>, daquilo que dá uma harmonia<br />
orgânica à cida<strong>de</strong>.<br />
Leio-vos um pequeno texto muito interessante, que ele escreveu: “Não é<br />
<strong>ver</strong>da<strong>de</strong> que a pessoa huma<strong>na</strong> se realiza <strong>na</strong> cida<strong>de</strong>, se enraíza <strong>na</strong> cida<strong>de</strong> como<br />
a árvore se enraíza no solo? Que a pessoa huma<strong>na</strong> se enraíza nos elementos<br />
que constituem a vida da cida<strong>de</strong>?” E exemplifica: “No templo, para a sua<br />
união com Deus e a sua vida espiritual; <strong>na</strong> casa para a sua vida <strong>de</strong> família; <strong>na</strong><br />
ofici<strong>na</strong> para a sua vida <strong>de</strong> trabalho; <strong>na</strong> escola para a sua vida intelectual; no<br />
hospital para a sua vida física saudável; <strong>na</strong>s praças para a sua vida <strong>de</strong> lazer e<br />
<strong>de</strong> convívio”.<br />
São os lugares simbólicos que exprimem a vida espiritual, a vida familiar,<br />
a vida económica, a vida cultural, a vida convivial, social e lúdica da cida<strong>de</strong>.<br />
É isto que dá alma à cida<strong>de</strong>. Portanto, convida-nos a olhar para a cida<strong>de</strong>, não<br />
ape<strong>na</strong>s como lugar on<strong>de</strong> dispomos <strong>de</strong> serviços, <strong>de</strong> estruturas que tor<strong>na</strong>m cómoda<br />
e oferecem bem estar à nossa vida, mas sobretudo como lugar e espaço<br />
on<strong>de</strong> se realiza a vida dos homens <strong>na</strong>s suas várias dimensões e <strong>ver</strong>tentes. Daí<br />
então esta exigência da amiza<strong>de</strong> pela cida<strong>de</strong> e <strong>na</strong> cida<strong>de</strong>.<br />
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