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Para melhor estudar a arte do século XX e, dentro dela, o Expressionismo,<br />
Renato De Fusco (História da <strong>Arte</strong> Cotemporânea, 1983) organiza as manifestações<br />
da <strong>Arte</strong> Moderna em “linhas”, sendo a “Linha de Expressão” aquela na qual ele coloca<br />
a Art Noveau, o Expressionismo, o Futurismo, o Expressionismo Abstrato, o<br />
Informalismo, a Pintura de Ação, a Body <strong>Arte</strong> e artistas isolados como Modigliani,<br />
Roault, Schiele, Kokoschka, Dubuffet, De Kooning, Bacon entre outros. 172 Todos estes<br />
nomes de movimentos artísticos e de artistas, portanto, atendem, segundo o autor, às<br />
seguintes características:<br />
127<br />
A primeira constante de toda produção artística suscetível de ser definida como linha de<br />
expressão é a mudança de atitude do artista em relação ao objeto da sua inspiração,<br />
aquilo que chama “referente”. Com efeito, no início do nosso século [vinte], devido a<br />
uma série de causas socioculturais e técnicas e em virtude, também, da difusão dos<br />
novos meios de reprodução automática, nomeadamente a fotografia, a idéia de que a<br />
comunicação artística podia continuar a basear-se num referente exterior, na cópia ou<br />
mimese da natureza, pode considerar-se fortemente comprometida. Começam então a<br />
procurar-se motivos e temas de inspiração no mundo dos sentimentos, nos impulsos da<br />
vida íntima, que já não encontravam correspondência nas formas da natureza, mas nas<br />
leis que as animavam. Diga-se desde já que, com a linha da expressão, se assiste à<br />
passagem do naturalismo ao organicismo. 173<br />
Mas do ponto de vista de suas origens alemães, segundo outro autor, o<br />
Expressionismo tem raízes no Romantismo:<br />
Rastreando-se as fontes especificamente alemãs, sem dúvida é no movimento romântico<br />
Sturm und Drang, da segunda metade do século XVIII, que o Expressionismo encontra<br />
seu legítimo antecedente. Não é por acaso que se dá a retomada dessa mesma imagem –<br />
Sturm (tempestade) – para figurar como título da revista iniciadora do movimento. A<br />
mesma carga tempestiva de escritores como Goethe, Schiller, Novalis, Hölderlin e<br />
Hoffmann, nos quais a genialidade e a demência, o espírito puro e o demonismo se<br />
contrapõem como apelos vitais, servirá de alimento à nova geração de artistas, movidos<br />
por impulsos semelhantes. 174<br />
No trecho acima, Maria Heloísa M. Dias (A Estética Expressionista, 1999, p.<br />
9-10) afirma que “genialidade”, “demência”, “espírito puro” e “demonismo” passam a<br />
fazer parte do contexto criativo dos novos artistas como um material de trabalho<br />
importante e livremente utilizável, como “apelos vitais” que darão às suas obras um<br />
caráter mais enérgico e freqüentemente dramático. É exatamente por isso que temas<br />
conflituosos, referentes à guerra, às revoluções, de teor psicológico, religioso ou, ainda,<br />
relacionados às questões sócio-políticas como a miséria e a exploração do ser humano<br />
pelo ser humano são muitas vezes abordados de forma direta e altamente contundente –<br />
exatamente, como veremos, ocorre no caso da série Canudos. Busca-se um contato de<br />
frente com os sentimentos das pessoas, sem meias-palavras, através e uma arte