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descoberta por intelectuais sensíveis à arte popular ou por artistas da norma culta (fig.<br />
262 a 271). De acordo com Lélia Coelho Frota:<br />
164<br />
Será nos anos 1940, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que alguns artistas populares encarnarão<br />
para a nova mentalidade encontros ou “descobertas”. É o caso de Cardosinho (José Bernardo<br />
Cardoso Júnior, 1861-1947) – que já apresentara uma natureza-morta e uma paisagem no<br />
celebrado Salão de 1931, da Escola de Belas <strong>Arte</strong>s, organizado pelo seu então diretor Lucio<br />
Costa. Além de Cardosinho, José Antônio da Silva, Heitor dos Prazeres (1898-1966) e<br />
Vitalino (1909-1963) estarão entre os nomes que interessarão mais de perto a inteligência<br />
modernista. Em 1943, Pierre Chabloz revela a pintura de Chico da Silva (1910-1985). Ainda em<br />
1943, Washt Rodrigues se refere a José Valle da Cunha Laporte (1845-1908) como o Rousseau<br />
brasileiro. Em 1946, data em que o douanier Rousseau entra no Louvre, Paulo Mendes de<br />
Almeida se depara em São Paulo com a pintura de José Antonio da Silva, que suscita a<br />
admiração de Lourival Gomes Machado. Em 1944, Luis Saia publica Escultura popular<br />
brasileira, resultado de pesquisa realizada no Nordeste do país para a Discoteca Municipal de<br />
São Paulo, decorrente da gestão de Mario de Andrade. Um dos acontecimentos mais marcantes<br />
nessa esfera será o encontro entre o pintor augusto Rodrigues e o mestre Vitalino (Vitalino<br />
Pereira dos Santos). Os trabalhos de Vitalino, antes vendidos em feira, foram mostrados pela<br />
primeira vez no Rio de janeiro em 1947, com apresentação de Joaquim Cardozo, representando<br />
cenas da vida rural e urbana em Caruaru, Pernambuco. [...] A passagem dessas figuras de barro,<br />
feitas de início para brinquedo de crianças, para a categoria do estético corresponde a uma<br />
mudança nas mentalidades, provocada pelas transformações na vida sócio-econômica do país,<br />
nas quais o movimento modernista, nelas inserido e delas também agente, intervém de maneira<br />
decisiva para sua desocultação. Com a rotinização do modernismo, apontada por Antonio<br />
Candido, em certa medida ficara menos problemático para a inteligência brasileira identificar e<br />
assimilar formas diferentes de criação. Além disso, esclarece Candido (1965), “no Brasil as<br />
culturas primitivas se misturam à vida cotidiana ou são reminiscências de um passado<br />
recente. As terríveis ousadias de um Picasso, um Brancusi, um Max Jacob, um Tristan<br />
Tzara, eram, no fundo, mais coerentes com a nossa herança cultural do que com a deles”. 219<br />
Fig. 262<br />
CARDOSIN<br />
HO, o. s. t.,<br />
guache sobre<br />
madeira.<br />
Fonte:<br />
Pequeno<br />
dicionário da<br />
arte do povo<br />
brasileiro,<br />
Aeroplano,<br />
2005.