baixar - Arte + Arte
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Retomando o texto de Lélia Coelho Frota, ainda sobre esta questão da situação<br />
da arte “popular” frente à arte “erudita”, agora focada do ponto de vista de sua relação<br />
com o mercado de arte e a maneira como este as apresenta como produtos a serem<br />
comercializados, esta autora aponta um claro quadro das diferenças de tratamento que<br />
lhes é dado. Talvez esta questão mercadológica possa parecer de somenos importância<br />
neste contexto acadêmico em que estamos trabalhando, mas para aqueles que como nós<br />
(e certamente para o próprio professor Adir), militamos como artistas e que precisamos<br />
suprir a própria sobrevivência e da família através da arte, não há como deixar de lado<br />
um tópico como este; ainda mais porque, como todos sabem, no universo absurdamente<br />
incerto e flutuante dos valores dados às obras de arte, as cifras muitas vezes são<br />
astronômicas – mais certamente não para aqueles à margem das grandes galerias e<br />
curadorias internacionais e, muito menos, para a arte “étnica” ou “popular” –, e por isso<br />
mesmo acabam dando um sentido concreto (financeiro) ao “vaporoso” mundo da arte.<br />
163<br />
Por outro lado, à virulenta mercantilização dos “produtos artísticos”, em tempos<br />
globalizados, ciclope que deglute indiferenciadamente a arte do passado, a moderna e a<br />
contemporânea, interessa atribuir valor de mercado também à “popular”, sempre<br />
reduzindo ao mínimo a informação sobre seus autores, e focando quase exclusivamente<br />
as suas qualidades formais. Esse tipo de passaporte permite que finalmente as artes de<br />
fonte popular ingressem nos museus de arte e galerias e sejam objetos de exposições,<br />
embora seja mantida a fronteira do rótulo que as designa, a sua posição periférica em<br />
relação às criações da elite, e em geral se negue a elas conceito. Omitem-se – quer por<br />
desconhecimento, quer por desígnio consciente, ou ambos – os seus laços e nexos<br />
relacionais com aquelas. Para não falar da barreira econômica que sempre reduz o<br />
artista popular a uma condição de inferioridade com relação aos seus pares da norma<br />
culta. Permite-se que alcancem melhor cotação no mercado, porém mantendo-os a uma<br />
larga distância da produção erudita. E ainda assim, mesmo os criadores que alcançam<br />
um preço melhor no mercado recebem pequena porcentagem dessas vendas, em alguns<br />
casos melhorando de vida, mas sobrevivendo de maneira extremamente modesta,<br />
quando não bem próxima da pobreza. 217<br />
4.7.3 As origens da descoberta dos artistas populares pelos os artistas eruditos<br />
As origens, ou melhor, a inclusão da arte popular no percurso histórico da arte, é<br />
apresentada por Frota sucintamente. O que nos interessa aqui é que, no caso brasileiro, a<br />
autora remonta à <strong>Arte</strong> Colonial, ou seja, ao nosso Barroco e Rococó para mostrar o<br />
surgimento de algumas das características peculiares, como a miscigenação cultural,<br />
desta arte realizada pelo nosso povo. 218<br />
Mas focando no ponto crucial desta nossa abordagem da cultura popular,<br />
citaremos alguns artistas deste meio que alcançaram destaque ao verem sua obra