Revisão e formatação: Lancelot – Papiros_Virtuais ... - CloudMe
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Langdon teve de sorrir. Ao ouvir Teabing falar dos seus planos para um triunfante<br />
regresso à Grã-Bretanha, sentiu-se apanhado pelo contagiante entusiasmo do homem.<br />
Ficou olhando distraidamente pela janela, as árvores passando, fantasmas pálidos<br />
iluminados pela luz amarelada dos faróis de nevoeiro. O retrovisor lateral estava metido<br />
para dentro, empurrado pelos ramos, e Langdon viu o reflexo de Sophie silenciosamente<br />
sentada no banco de trás. Observou-a por um longo momento e sentiu uma inesperada<br />
vaga de contentamento. Apesar de tudo o que lhe acontecera naquela noite, estava<br />
satisfeito por ter encontrado uma companhia tão agradável.<br />
Ao cabo de vários minutos, como se de repente sentisse os olhos de Langdon<br />
postos nela, Sophie inclinou-se para frente e pousou as mãos nos ombros dele, fazendolhe<br />
uma rápida massagem.<br />
- Está bem?<br />
- Estou - respondeu Langdon. - Nem sei como.<br />
Sophie voltou a recostar-se no banco, e Langdon viu um sorriso tranquilo<br />
distender-lhe os lábios. Percebeu então que também ele estava sorrindo.<br />
Entalado na traseira do Range Rover, Silas mal conseguia respirar. Tinha os<br />
braços dobrados para trás das costas e fortemente amarrados aos tornozelos com fio de<br />
cozinha e fita isolante. A cada buraco do caminho, uma lançada de dor verrumava-lhe os<br />
ombros torcidos. Pelo menos, os seus captores tinham-lhe tirado o cilício. Impedido de<br />
inspirar através do pedaço de fita que lhe tapava a boca, só podia respirar pelas narinas,<br />
que estavam ficando pouco a pouco entupidas devido ao pó que enchia o espaço de<br />
carga para onde o tinham atirado. Começou a tossir.<br />
- Acho que ele está sufocando - disse o motorista francês, parecendo preocupado.<br />
O inglês que lhe batera com a muleta voltou-se e espreitou por cima das costas do<br />
banco, franzindo friamente a testa.<br />
- Felizmente para você, nós, os Britânicos, julgamos a civilidade de um homem não<br />
pela sua compaixão para com os amigos, mas pela sua compaixão para com os inimigos.<br />
O homem estendeu a mão, pegou uma ponta da fita que lhe tapava a boca e, com<br />
um rápido movimento, arrancou-a. Silas teve a sensação de que os lábios tinham se<br />
incendiado, mas o ar que lhe encheu os pulmões foi uma dádiva dos céus.<br />
- Para quem trabalha? - perguntou o inglês.<br />
- Faço o trabalho de Deus - replicou Silas, apesar da dor no queixo, onde a mulher<br />
lhe acertara com o pé.<br />
- Pertence à Opus Dei - disse o homem. Não era uma pergunta.<br />
- Não sabe nada de quem eu sou.<br />
- Porque é que a Opus Dei quer a Chave de Abóbada?<br />
Silas não tinha a mínima intenção de responder. A Chave de Abóbada era a<br />
ligação ao Santo Graal, e o Santo Graal era a chave para a protecção da fé. Faço o<br />
trabalho de Deus. O Caminho está em perigo.<br />
Agora, na traseira do Range Rover, debatendo-se com as suas amarras, Silas<br />
receou ter desiludido para todo o sempre o Professor e o bispo. Não tinha sequer<br />
maneira de contactá-los e avisá-los daquela terrível reviravolta dos acontecimentos. Os<br />
meus captores têm a Chave de Abóbada. Vão chegar ao Graal antes de nós! Envolto na<br />
sufocante escuridão, Silas rezou. Deixou que a dor que lhe atormentava o corpo desse<br />
força às suas preces.<br />
Um milagre, Senhor. Preciso de um milagre. Silas não tinha modo de saber que,<br />
poucas horas mais tarde, lhe seria dado o que pedia.<br />
- Robert? - Sophie continuava a observá-la. - Está com uma expressão estranha.