[ mercado ] As classes D e E compram produtos mais baratos e fazem crescer as marcas regionais Por Jamille menezes Líderes da baixa renda paulo 54 www.<strong>revista</strong>abastecimento.com.br set/out 2011 pepe
Depois que todas as atenções se voltaram para o crescimento da classe C, chegou a hora de as classes D e E mostrarem o seu valor. Elas, que durante muito tempo compuseram a grande massa da população brasileira – só perdendo o posto para a classe C –, representando 73,3 milhões de pessoas, de acordo com dados fornecidos pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas FGV-RJ, foram as mais impactadas pelo aumento do salário mínimo e pelos programas governamentais de transferência de renda. Isso fez com que pessoas ávidas por consumo saíssem às compras para experimentar produtos que antes não faziam parte das suas cestas. Além dos itens da cesta básica, hambúrguer e salsicha também entram no carrinho da base da pirâmide das classes D e E, assim como guloseimas de preços acessíveis, como biscoitos, bolachas e refrigerantes, segundo dados obtidos pelo instituto de pesquisas Data Popular. Em artigos de beleza, hidratantes e esmaltes entram por causa da facilidade de compra. De acordo com Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, essa mudança de comportamento de consumo acontece basicamente por causa de um processo de aumento de tamanho da classe D, além do crescimento da renda entre as pessoas dessa classe social básica. “Os salários dos menos escolarizados aumentaram mais do que os outros, basicamente porque eles estão estudando mais e não estão mais disponíveis para os mesmos serviços que antes, como, por exemplo, os domésticos”, diz Renato. E não é só uma questão de experimentar as novidades, uma vez que produtos considerados supérfluos, que só eram consumidos esporadicamente, agora também fazem parte da cesta de compra desses brasileiros. Como as marcas líderes ainda têm um preço que pesa no seu bolso, cada vez mais os produtos regionais ganham espaço na cesta e na preferência do consumidor. São sucos, cereais matinais, macarrão instantâneo, catchup, bebidas alcoólicas e muitos outros produtos cujos fabricantes perceberam nesse mercado uma grande oportunidade para crescer e conquistar seu espaço. Para esses consumidores, preço é pré-requisito para que essas marcas se mantenham no jogo. No entanto, dentro do que eles podem pagar, o que eles querem desses produtos é mais qualidade. “O que esse consumidor observa é a relação custo/ benefício, ou seja, o produto tem de ser acessível ao bolso, mas não pode deixar muito a desejar em relação às marcas líderes”, afirma Meirelles. O especialista comenta ainda que no passado muitas marcas regionais tinham baixa qualidade para acompanhar preços baixos. Com a melhora de renda dos consumidores, elas tiverem de se reinventar e oferecer uma qualidade melhor. “Agora essas marcas têm qualidade, além de preço competitivo e apelo regional, que as classes D e E valorizam.” Preço baixo Segundo uma pesquisa realizada pelo Data Popular, que analisou as categorias de consumo por classe social, nas classes A e B, a cada 100 reais gastos, 14,89 reais são investidos em alimentação e bebidas, enquanto, na classe C, 21,83 reais são gastos nessa categoria, e as classes D e E gastam nela 24,2 reais. Os gastos dentro do lar nas classes A e B somam 28,47 reais, na classe C, 33,30 reais, e nas classes D e E, 32,82 reais. “As classes A e B compram mais produtos low price (preço baixo) do que a D e a E, mas também compram mais marcas Premium. Quanto maior for a renda, maior será a participação dos produtos de preço médio. Quando se analisa a cesta de compras, percebe-se que o número é semelhante ao das classes A e B, mas as classes D e E escolhem produtos já conhecidos e com preço adequado, o que faz crescer a venda das marcas regionais”, diz Meirelles. Fonte: Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ Classes a e B 20 milhões de pessoas Classe C 94,9 milhões de pessoas Classes D e e 73, 3 milhões de pessoas set/out 2011 www.<strong>revista</strong>abastecimento.com.br 55