A Amazônia-Encontrando Soluções - Ambasciata d'Italia a Brasilia ...
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pois o processo está baseado no diálogo, debate e acordos éticos. No entanto, é<br />
preciso inicialmente considerar o contexto regional.<br />
Em áreas típicas da fronteira amazônica, onde o capital social é incipiente, os<br />
moradores têm uma relação tênue e conflitante com o Estado. Em muitas localidades,<br />
o poder público só existe na forma de serviços básicos de saúde e agências de<br />
correio, ou em operações esporádicas de fiscalização ambiental. Neste caso, a<br />
população da região percebe o governo como uma instituição que apenas pune e<br />
proíbe. O resultado é uma forte resistência e, muitas vezes, um boicote à ação<br />
pública.<br />
Essa mesma percepção pode ocorrer em relação aos programas de cooperação<br />
internacional. A população local sente como se houvesse uma pressão externa para<br />
deter o desenvolvimento local. Dessa forma, programas relacionados a temas<br />
classificados como ambientais, como é o caso do fogo, podem enfrentar um público<br />
hostil em sua fase inicial.<br />
Para superar essa adversidade, é crucial valorizar os processos e as demandas<br />
locais. Ou seja, “como fazer” deve ser tão importante quanto “o que fazer”. O fato é<br />
que não há uma “receita” para executar com sucesso um programa como é o caso do<br />
Programa Fogo. Há características básicas e recorrentes em outras iniciativas de<br />
sucesso na <strong>Amazônia</strong>. Por exemplo:<br />
uma equipe com boa capacidade de negociação de conflitos;<br />
a permanência no município e a interação com a vida social – ser reconhecido<br />
como parte da comunidade;<br />
o estabelecimento de mecanismos de consulta transparentes;<br />
a democracia – não excluir nenhum setor do processo; e<br />
a ausência de soluções prontas – ouvir e respeitar as sugestões dos atores<br />
locais.<br />
Os coordenadores regionais do Programa Fogo revelaram uma atitude com base<br />
nas características descritas anteriormente. Essa atitude trouxe várias vantagens para<br />
o Programa. Primeiro, gerou simpatia e confiança e, portanto, maior aceitação por<br />
parte dos atores locais. Segundo, permitiu que os coordenadores identificassem o<br />
tema saúde como porta de entrada para a questão do fogo. Terceiro, criou uma sinergia<br />
com atividades e recursos disponíveis em outros programas (saúde, educação,<br />
desenvolvimento agrícola, manejo florestal) e, dessa forma, aumentou o impacto do<br />
Programa Fogo para além de suas metas originais.<br />
NO NORTE DE MATO GROSSO,<br />
POR EXEMPLO, O PROJETO<br />
COLABOROU COM UMA<br />
INDÚSTRIA LOCAL PARA A<br />
CONFECÇÃO DE MÓVEIS<br />
(MESAS, ESCRIVANINHAS,<br />
ARMÁRIOS ETC.) FEITOS<br />
PARTIR DE SOBRAS DE<br />
MADEIRA. EM MARABÁ,<br />
ONDE HOUVE O<br />
APROVEITAMENTO DE<br />
RESÍDUO DE MADEIRA PARA<br />
A PRODUÇÃO DE<br />
BRINQUEDOS E JOGOS<br />
EDUCATIVOS. O TRABALHO<br />
FOI REALIZADO EM<br />
PARCERIA COM EMPRESAS<br />
MADEIREIRAS.