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Presidente - Pedagogia ao Pé da Letra

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ANÍSIO S. TEIXEIRA<br />

ções existentes não nos haviam preparado para a espécie de<br />

educação de que dispunhamos, isto é, copia<strong>da</strong> de modelos<br />

alienígenas, sobretudo europeus. A escola, assim, não podia<br />

fugir a certo aspecto irreal, se não absurdo, no melhor dos<br />

casos, e, nos demais, paternalista, assistencial e salvador.<br />

A nossa velha tendência nativa para a revali<strong>da</strong>ção, para<br />

a transformação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de por declaração oficial, exerci<strong>da</strong><br />

a princípio contra a metrópole, para forçá-la a reconhecer-nos<br />

virtudes ou quali<strong>da</strong>des, passou a se exercer contra nós mesmos,<br />

ou pôr uns contra os outros.<br />

O legislador, possuído, também êle, do velho vício metropolitano,<br />

entrou a fixar condições e padrões para a educação,<br />

tomado do susto de que os nativos, entregues a si mesmos,<br />

fizessem <strong>da</strong> escola algo de reprovável. Fora dessas condições,<br />

não haveria educação. O governo federal tomou, assim, rigorosamente,<br />

as antigas funções <strong>da</strong> metrópole. E os colonizados,<br />

como todos os bons colonizados, entraram a lograr os<br />

colonizadores, obtendo o "reconhecimento" para os seus colégios,<br />

fossem quais fôss,em as suas deficiências, mediante o<br />

cumprimento formal dos prazos e demais exigências estabeleci<strong>da</strong>s.<br />

Está claro que na<strong>da</strong> disso se poderia <strong>da</strong>r se a educação<br />

fosse um processo de preparação real para a vi<strong>da</strong>, pois, então,<br />

de na<strong>da</strong> valeria burlá-lo. Mas, como a escola se fêz,<br />

muito mais que preparação, um processo de vali<strong>da</strong>ção, pelo<br />

qual nos assegurávamos de um título legal de educado, com<br />

to<strong>da</strong>s as vantagens <strong>da</strong>í decorrentes, a simulação se tornou não<br />

somente possível mas até frutuosa.<br />

Tratava-se, na reali<strong>da</strong>de de uma transplantação a que<br />

faltavam as condições históricas e sociais, que nutriam e justificavam,<br />

nos demais países, de onde as copiávamos, a sua<br />

existência e o seu florescimento.<br />

As alternativas, então, haviam de ser o fenecimento, no<br />

caso <strong>da</strong>s escolas de tipo profissional, ou a deformação, no<br />

caso <strong>da</strong>s escolas de cultura geral. Como as condições sociais<br />

do país não exigiam, em rigor, tais escolas, estas últimas se

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