Sanatorium - Unama
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www.nead.unama.br<br />
religião... Já devem saber que o próprio Zola, o grande mestre, está escrevendo um<br />
romance sobre os milagres de Lourdes...<br />
— Sim! — disse a Marquesa, com desdém — Zola? Conheço! É um escritor<br />
imundo!<br />
— É um porco! — disse Romaguera.<br />
— É uma besta! — ganiu o Barão de Raymond.<br />
Olívio Bivar empalideceu. Mas seguiu o exemplo de Vicentim, e afastou-se do<br />
conclave.<br />
Mais serena, a nobre senhora de Alpurús dissolveu a reunião com estas<br />
palavras:<br />
— Meus senhores! Deixemos que os infiéis conspirem em paz contra a glória<br />
de Deus! E comprometamo-nos aqui, de joelhos, numa prece à Nossa Senhora, a<br />
envidar todos os nossos esforços para que, de hoje a um ano, a milagrosa Virgem<br />
de Lourdes tenha neste lugar a sua capela.<br />
E ajoelhou-se. Em torno dela, todos fizeram o mesmo. Na penumbra, que<br />
enchia a Casa de Pedra, apenas vagamente espancada pela claridade das<br />
lâmpadas de querosene, esse grupo ajoelhado tinha qualquer coisa de solene e de<br />
belo, que comovia.<br />
E a bela oração da ave-maria começou a cantar no ar adormecido, ciciada por<br />
trinta vozes:<br />
— Ave-maria, cheia de graça...<br />
E, no silêncio das largas abóbadas de pedra, esse rumor crescia, dilatava-se,<br />
enchia toda a gruta...<br />
A CAVERNA<br />
Continuemos agora a nossa visita! — disse Silveira Jacques, quando finda a<br />
oração, todos se levantaram. — Vamos subir!<br />
E preparem-se para a surpresa que lhes anunciei! Vão ver! Vão ver!<br />
— Subam com cuidado! — sugeria o Barão de Raymond, já galgando a<br />
rampa de pedra. — Isto aqui escorrega como se estivesse untado de sebo!<br />
Romaguera, muito preocupado, dera por falta de D. Carmita. Espantava-se de<br />
não ouvir a voz clara da moça entre as vozes das outras. Mas não podia certificar-se<br />
da ausência dela, no meio da treva. Havia tanta gente! Era tão fraca a luz dos<br />
lampiões!... E acompanhou os outros, de quem se não podia separar, porque uma<br />
das luzes lhe estava confiada.<br />
Quando chegaram ao alto do aclive, viram que a gruta aí formava uma sorte<br />
de andar superior. Era uma série de galerias contornando o grande salão. Nelas,<br />
vinham outras rasgar-se em bocas negras.<br />
— E não é que é fácil a gente perder-se aqui dentro? — dizia a Leviccolo. —<br />
É um verdadeiro labirinto!<br />
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