Monografia - Faculdade de Comunicação da UFBA - Universidade ...
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percebemos que se trata <strong>de</strong> um anúncio publicitário, <strong>de</strong>nominado por Maingueneau (2008)<br />
como cena englobante, que tem primeiramente a intenção <strong>de</strong> seduzir e envolver o co-<br />
enunciador, para <strong>de</strong>pois incitá-lo ao consumo. A cena genérica, nesse caso, seria o anúncio <strong>de</strong><br />
cuecas, <strong>da</strong> marca Zorba, em revistas. Já a cenografia (<strong>de</strong>talharemos mais a frente) seria a<br />
imagem <strong>de</strong> um homem contemporâneo que não se encaixa na cena observando uma mulher<br />
traja<strong>da</strong> com um vestido longo e característico <strong>de</strong> séculos anteriores ao século XX.<br />
A construção <strong>da</strong> imagem está basea<strong>da</strong> na brinca<strong>de</strong>ira entre a tradição e mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>. A<br />
cena é construí<strong>da</strong> em uma ambiência tradicional – a roupa feminina, os objetos que compõem<br />
a cena, e um brasão com a marca Zorba que serve <strong>de</strong> elo entre o contraste <strong>da</strong>s duas épocas<br />
distintas. A cena leva o co-enunciador para uma viagem no século XV, no qual a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
era imbuí<strong>da</strong> <strong>de</strong> valores conservadores do patriarcado. Na cena temos a imagem <strong>de</strong> uma<br />
mulher, com trajes do século XV, <strong>de</strong>ita<strong>da</strong>, como se estivesse posando para alguém. Ao lado<br />
do sofá, temos a imagem <strong>de</strong> um homem, sem trajes a<strong>de</strong>quados e usando somente uma cueca,<br />
que a observa ou contempla atentamente. Pela escuridão <strong>da</strong> cena, inferimos que seja noite. O<br />
anúncio chama a atenção pela existência do contraste <strong>de</strong> épocas.<br />
A figura masculina, representa<strong>da</strong> por um homem nos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> beleza contemporâneo.<br />
Ou seja, um homem, que pelo corpo bem <strong>de</strong>finido, aparenta frequentar aca<strong>de</strong>mia; tem cabelos<br />
bem cortados; corpo <strong>de</strong>pilado e pele bronzea<strong>da</strong>. Ele usa uma cueca bem atual, estilo boxer<br />
(mo<strong>de</strong>lo inspirado no short). Po<strong>de</strong>ríamos caracterizá-lo como um metrossexual, visto que, ele<br />
aparenta ter cui<strong>da</strong>dos extremos com seu físico e aparência. E essa nova i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> masculina<br />
preza pela boa aparência e se mostra um público atualizado com as tendências do mundo <strong>da</strong><br />
mo<strong>da</strong>.<br />
Mas na chama<strong>da</strong> do anúncio “Se existisse Zorba séculos atrás, com certeza as mulheres<br />
não vestiriam espartilhos com tantos botões” existe um teor machista, pois, além <strong>de</strong> se apoiar<br />
no corpo viril do homem, o anúncio evi<strong>de</strong>ncia a superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> do homem na conquista, uma<br />
vez, ele estando no século XXI ou no século XV, usando as cuecas Zorba, possuiria a mesma<br />
facili<strong>da</strong><strong>de</strong> na conquista. As mulheres do século XV são compara<strong>da</strong>s as atuais, ou seja, o<br />
pensamento conservador em oposição ao mais liberal não é levado em conta, já que, os<br />
homens que usam a cueca Zorba têm sucesso nas conquistas com as mulheres, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
do tempo. Dessa forma, a imagem é um convite ao consumo, que incentiva homens a<br />
seguirem o padrão <strong>de</strong> beleza masculina imposta pela mídia. Na cena, o ethos do personagem