Ao Encontro de Uma Nova Era - Racionalismo Cristão
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37. Humanida<strong>de</strong> e Humanismo<br />
Há um falso sentido da carida<strong>de</strong> originário da compaixão que fere a<br />
sensibilida<strong>de</strong> da vida. O indivíduo que se situa em condições <strong>de</strong> ficar na<br />
<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> esmola para viver, <strong>de</strong>sceu a um baixo grau da existência<br />
terrena e, moralmente, não passa <strong>de</strong> um farrapo humano.<br />
Conhecido filantropo americano, como observador profundo da<br />
filosofia da vida, entendia que dar esmola a alguém, constituía um ato <strong>de</strong><br />
certo modo aviltante. Um esmoler é um elemento pernicioso à socieda<strong>de</strong>,<br />
um marginal, um ser <strong>de</strong>sclassificado, sem alusão pejorativa.<br />
Diante <strong>de</strong>sse conceito, dar, pura e simplesmente, esmola, é contribuir<br />
para maior <strong>de</strong>gradação moral do mendigo, é ajudar a acomodá-lo na sua<br />
miserabilida<strong>de</strong>, é dar-lhe força para continuar a pedir, e talvez a convicção<br />
<strong>de</strong> que a prática da mendicância seja um expediente profissional <strong>de</strong><br />
manutenção normal.<br />
Assim, sustentar o indivíduo, parasitariamente, não é praticar o bem;<br />
logo, não é ato <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>, pois esta não se compreen<strong>de</strong> dissociada da<br />
ação benfeitora.<br />
O mendigo é uma chaga no seio da coletivida<strong>de</strong>. Um povo que se vê<br />
contaminado pela exibição vexatória, humilhante e <strong>de</strong>soladora, <strong>de</strong> trapos<br />
humanos, tem <strong>de</strong> reconhecer a sua inferiorida<strong>de</strong>, no campo espiritual.<br />
O mendigo, quase sempre por indolência e comodismo, busca,<br />
através do seu estado <strong>de</strong> miséria, impressionar, comover e disso tirar<br />
partido. Teria <strong>de</strong> ser segregado para a <strong>de</strong>vida recuperação, pois é um ser<br />
<strong>de</strong>sajustado e negativo.<br />
A solidarieda<strong>de</strong> humana, encarada como virtu<strong>de</strong>, é construtiva, e<br />
como tal <strong>de</strong>ve ser superiorizada na sua conceituação. Ela é benevolência, é<br />
ação sigilosa no sentido do bem, e para a elevação do ser humano.<br />
Auxiliá-lo a <strong>de</strong>svencilhar-se das peias que, momentaneamente, o impe<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> seguir o seu verda<strong>de</strong>iro rumo, é humanismo, ao passo que dar esmolas a<br />
esmo é martirizar o mendigo, até torná-lo insensível ao sentimento do brio.<br />
Há gente muito pobre que tem vergonha <strong>de</strong> pedir esmolas. Em se<br />
tratando, pois, <strong>de</strong> um ato que produz vergonha, nenhuma razão há para<br />
estimular-se alguém a praticá-lo.<br />
Jesus não distribuía esmolas e, no entanto, só fazia o bem. Não lhe<br />
faltariam meios <strong>de</strong> conseguir moedas, se as quisesse distribuir. Homens <strong>de</strong><br />
trabalho ru<strong>de</strong>, foram seus discípulos. A pesca fornecia-lhes sustento farto.<br />
A ajuda que distribuiu aos homens, foi para que pu<strong>de</strong>ssem trabalhar<br />
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