Ao Encontro de Uma Nova Era - Racionalismo Cristão
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9. O Que É Sagrado<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> interpreta, a seu modo, o vocábulo<br />
"sagrado". No sentido comum, religioso, sagrado é o que se não po<strong>de</strong><br />
tocar. Como sagrado, no entanto, <strong>de</strong>ve ser compreendido aquilo que terá<br />
<strong>de</strong> ser tratado ou conservado na sua integrida<strong>de</strong> moral. O lar e a família<br />
são sagrados, como sagrados são o trabalho, o <strong>de</strong>ver, a honra, a palavra<br />
empenhada, a dignida<strong>de</strong> pessoal, os direitos adquiridos, a manutenção da<br />
vida.<br />
A criatura está na Terra para promover a sua evolução, sendo,<br />
portanto, sagrado tudo quanto concorra para ela.<br />
Simples objetos materiais não po<strong>de</strong>m ser sagrados, por faltar-lhes a<br />
Substância Perpétua para imprimir-lhes uma tal significação. Também não<br />
há lugares sagrados, em face da precária estabilida<strong>de</strong> e permanência <strong>de</strong>les.<br />
Po<strong>de</strong>rão existir lugares em que o respeito tenha <strong>de</strong> ser observado na sua<br />
máxima expressão, mas isso não autoriza a dar-se-lhes o cunho <strong>de</strong><br />
sagrados, a não ser simbolicamente.<br />
Deve-se ser, pois, elevado o sentido da palavra sagrado ao supremo<br />
nível, no sentido espiritual, nunca confundindo essa concepção com<br />
formas físicas transitórias.<br />
A Bíblia é por muitos consi<strong>de</strong>rada sagrada, e por isso, para esses que<br />
assim a consi<strong>de</strong>ram, nada nela po<strong>de</strong> ser alterado nem subtraído. Por esse<br />
mal são as seitas e religiões <strong>de</strong>nominadas cristãs conduzidas, através <strong>de</strong><br />
seus membros, às mais pungentes <strong>de</strong>cepções, pelo erro <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarem<br />
sagrado um livro <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong>rão extrair, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> bem escoimado <strong>de</strong><br />
improprieda<strong>de</strong>s, algumas lições úteis à humanida<strong>de</strong>, sem que a isso se<br />
imponha qualquer consagração.<br />
A tendência humana <strong>de</strong> fazer consagração a objetos vem <strong>de</strong> longe,<br />
como prática primitiva que encontra receptivida<strong>de</strong> nas almas <strong>de</strong> índole<br />
profundamente adorativa. Assim, todos começam a trajetória<br />
evolucionária, mas pena é que existam tantos retardatários repetindo,<br />
in<strong>de</strong>finidamente, as encarnações, como o aluno vadio que repisa, ano após<br />
ano, a primeira série escolar.<br />
Se a evolução se processasse isoladamente, tendo em vista apenas o<br />
indivíduo, seria admissível <strong>de</strong>ixá-lo para trás a unir-se com outros também<br />
tardios, mas o caso é que a evolução se faz por gran<strong>de</strong>s grupos, em que os<br />
mais adiantados precisam zelar pela evolução dos mais atrasados do seu<br />
grupo, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um certo limite <strong>de</strong> tolerância.<br />
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