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REFLEXÕES<br />

Reflexões<br />

Os dias são diferentes<br />

uns dos outros.<br />

Sucedem connosco,<br />

e à nossa volta, em<br />

cada um deles, milhares<br />

de acontecimentos de que<br />

nunca mais nos lembraremos. E também, de vez em<br />

quando, alguns que não poderemos esquecer :<br />

aqueles que nos trazem as grandes alegrias e os<br />

grandes sofrimentos.<br />

Alegramo-nos, temos momentos de paz e felicidade.<br />

Mas todos temos, igualmente, a nossa ração de dor.<br />

Sucedem coisas que não esperávamos, que não<br />

merecíamos, que não entendemos. A nós e àqueles<br />

que amamos. Dói-nos.<br />

Há, porém, o facto curioso de que em muitas ocasiões<br />

somos nós mesmos a fazer as coisas que<br />

depois nos fazem sofrer. Tomamos atitudes, temos<br />

comportamentos e escolhas que se vão reflectir em<br />

nós, que vão ferir a nossa paz e a nossa felicidade.<br />

E acontece que temos uma grande capacidade de<br />

enfrentar as agressões inevitáveis que nos chegam<br />

do exterior. E que estamos muito mais indefesos<br />

perante as situações que criamos.<br />

Vi homens que sorriam com grande paz no meio da<br />

dor provocada pela cegueira, pela paralisia, pelo<br />

desemprego, por um cancro, pela morte de alguém<br />

muito querido. E vi pessoas - fisicamente saudáveis,<br />

sem inimigos, sem dificuldades exteriores - intimamente<br />

desfeitas pelo peso da culpa, pela perda da<br />

esperança, pela recusa de amar.<br />

Estou convencido de que somos o nosso pior inimigo.<br />

Aquilo que vem de fora toca-nos na periferia, mas<br />

não penetra no interior da cidadela. Aquilo que<br />

fazemos, porém, alcança o núcleo do nosso ser.<br />

É uma ilusão pensarmos que somos aquilo que a<br />

vida - os outros, os acontecimentos... - fez de nós.<br />

Somos, antes, aquilo que as nossas escolhas determinaram.<br />

A vida pode arrastar-nos de um lado para<br />

8 — <strong>Vida</strong> <strong>Lusa</strong> n° 73 — Novembre 2004<br />

O inimigo<br />

outro, magoar-nos, oferecer-nos frio ou calor. Mas<br />

não nos corrompe. “Quando eu vivia num dos campos<br />

de concentração da Alemanha Nazi, pude<br />

observar que alguns dos prisioneiros andavam de<br />

barraca em barraca, consolando outros, distribuindo<br />

as suas últimas fatias de pão. Podem ter sido<br />

poucos, mas ensinaram-me uma lição que jamais<br />

esqueci : tudo pode ser tirado de um homem,<br />

menos a última das suas liberdades - escolher de<br />

que maneira vai agir diante das circunstâncias do<br />

seu destino”, escreveu Vicktor Frankl.<br />

Somos os autores da nossa felicidade ou da nossa<br />

infelicidade. Gostamos de nos queixar, mas não<br />

temos razão. Podemos adaptar-nos àquilo que nos<br />

sucede. Podemos aguentar. Podemos esperar. Mas<br />

quando actuamos mal, quando as nossas escolhas<br />

são contrárias à nossa natureza humana, chega-se a<br />

um ponto em que viver é insuportavelmente doloroso..<br />

A dor pode vir-nos do exterior. A felicidade, contudo,<br />

está relacionada apenas com o nosso comportamento,<br />

com as nossas escolhas, e nada exterior nela<br />

pode roubar. É compatível com o sofrimento.<br />

Quando eu era miúdo, os nossos pais ensinavam-nos,<br />

antes de mais, a actuar bem, a escolher correctamente.<br />

Ficavam contentes quando tornávamos<br />

coisa nossa os seus conselhos, escolhendo livremente<br />

actuar dessa forma - e não apenas por medo<br />

a um castigo. Agora, parece que muitos pais, e muitos<br />

educadores, desistiram de actuar a esse nível.<br />

Preocupam-se mais com afastar das crianças os<br />

obstáculos exteriores: muitos cuidados com a saúde ;<br />

estudar, para terem um futuro desafogado ; imensas<br />

medidas de segurança...<br />

E a felicidade? ■<br />

Paulo Geraldo<br />

Professor de Língua Portuguesa<br />

pjgeraldo@yahoo.com.br<br />

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