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50% - Vida Lusa

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Quando todos já nos<br />

interrogávamos<br />

sobre o estado actual<br />

do “processo Casa Pia”,<br />

deixado de lado pelos<br />

grandes títulos da imprensa,<br />

eis que o Procurador<br />

Geral da República de<br />

Portugal, Souto Moura,<br />

desenterrou mais algumas<br />

críticas à forma como o<br />

processo foi conduzido.<br />

Desta vez, segundo ele, o<br />

embrólio que tem motivado todo este processo<br />

judicial, só foi possível devido à notoriedade dos<br />

acusados. Quer dizer que, se fosse o Sr. Manuel da<br />

mercearia ou o Sr. Joaquim do talho, o processo já<br />

teria sido concluído há muito tempo.<br />

Como também afirma que, pelas mesmas razões, não<br />

foram acautelados os interesses das vítimas, pode depreender-se<br />

que os acusados foram beneficiados em toda esta<br />

tramitação legal, em prejuízo dos miúdos abusados.<br />

É curioso como afirmações desta natureza podem<br />

ser bem aceites pela opinião pública. O povo, em<br />

geral, fica satisfeito por ver os ricos e poderosos<br />

serem igualmente julgados e se os crimes que<br />

cometeram, forem sobre crianças desprotegidas das<br />

famílias, como é o caso, os nossos sentimentos são<br />

ainda mais arrebatadores.<br />

No entanto, estas declarações do Dr. Juiz-Procurador<br />

Geral, não podem<br />

escamotear outras verdades<br />

mais profundas.<br />

Como membro do corpo<br />

judicial de Portugal, o<br />

Sr. Dr. Juiz sabe perfeitamente<br />

que, se os acusados<br />

utilizaram a “engenharia<br />

jurídica” para complicar<br />

o desenrolar do processo,<br />

foi porque a lei o permitia<br />

e permite!<br />

Independentemente do<br />

juízo que cada um faz<br />

sobre as culpas de tudo o<br />

que se tem produzido<br />

neste processo, os advogados<br />

de defesa dos acusados<br />

não cometeram<br />

nenhuma injustiça. Foi a<br />

justiça existente que lhes<br />

permitiu agir assim e<br />

não me lembra de ter<br />

Ainda a Casa Pia!<br />

OPINIõES<br />

visto, até agora, o Dr. Souto Moura a combater as<br />

injustiças da justiça portuguesa. Por outro lado, se os<br />

direitos das vítimas deste processo não foram acautelados,<br />

pergunto-me o que é que está lá a fazer o Procurador<br />

Geral da República, enquanto juiz da causa pública?<br />

De tudo aquilo que se passou até agora, o povo já tirou<br />

uma lição : a justiça não é cega ou, pelo menos, não é<br />

cega para todos! Há uns, cuja posição social ou a riqueza<br />

económica, têm o privilégio de ver todos os “buracos”<br />

da lei e outros, menos bafejados pela sorte, que andam<br />

completamente às cegas pelos meandros da justiça.<br />

Era isto que o Sr. Procurador deveria ter afirmado.<br />

Só que, se o fizesse, corria o risco de ter que pôr em<br />

causa, muito da estrutura profissional em que se insere.<br />

Só falta alguém vir à praça pública dizer que, a<br />

culpa de toda esta trapalhada jurídica, é dos órgãos<br />

de informação e de toda a mediatização que foi feita.<br />

Ainda não ouvi ninguém afirmá-lo de forma<br />

contundente, mas tenho a certeza de que não será o<br />

Sr. Procurador Geral a fazê-lo, ainda a braços com as<br />

fugas de informação para os jornais, por parte do pessoal<br />

dos seus serviços e a propósito do processo Casa Pia.<br />

Esperemos que o processo chegue ao fim, sem mais<br />

alfinetadas e com a verdade acima dos preceitos<br />

administrativos da justiça portuguesa. E esperemos<br />

que a imprensa continue a preocupar-se com a<br />

divulgação da verdade e não com a criação de<br />

“vedetas ocasionais” que, cada vez mais, abundam<br />

na vida pública do país que nos viu nascer. ■<br />

Luís Barreira<br />

T-RIO “Choopeta”<br />

Vendredi 19 Novembre<br />

au Fish Club<br />

Novembre 2004 — <strong>Vida</strong> <strong>Lusa</strong> n° 73 — 9

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