JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta
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<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />
o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />
10<br />
emanuel dimas de melo pimenta<br />
Fazia-me impressão tirar qual<strong>que</strong>r coisa da<strong>que</strong>la biblioteca, <strong>que</strong> deveria ser mantida<br />
única, como uma preciosidade.<br />
O Jorge não discutiu mais.<br />
Olhou-me ainda um pouco contrariado e descemos as escadas em silêncio.<br />
Numa das casas vizinhas havia uma família com graves problemas de relacionamento.<br />
De um outro lado, uma mulher nos cumprimentou.<br />
Durante algum tempo, também existiu uma menina, criança com cinco ou seis anos de<br />
idade, <strong>que</strong> apanhava terríveis surras da mãe.<br />
Às vezes nem eram verdadeiras surras no seu sentido físico, mas gritos, ofensas, agressões<br />
verbais.<br />
Outras vezes eram piores <strong>que</strong> surras.<br />
Pareciam sessões de tortura.<br />
Quando isso acontecia, o Jorge ficava completamente transtornado. Andava de um lado<br />
para o outro. Media o tempo para chamar a polícia.<br />
Subia e descia as escadas.<br />
Não era capaz de sentar.<br />
Ía para o pe<strong>que</strong>no jardim de inverno, ao lado da sala de jantar, olhava para cima, esticava<br />
o pescoço como <strong>que</strong> para ouvir melhor e saber a hora adequada de intervir.<br />
- Não posso admitir isso. É um absurdo. Essa menina está sofrendo. É um ser humano.<br />
Nós temos a responsabilidade de vigiar. Temos de tentar diminuir o seu sofrimento.<br />
Isso é um crime!<br />
Tantas vezes, ele nada pode fazer.