JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta
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<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />
o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />
133<br />
emanuel dimas de melo pimenta<br />
Lado a lado aos personagens e histórias, Jorge nunca escondia o seu apurado amor pelos<br />
vinhos.<br />
- Um vinho deve ser bebido como água, por<strong>que</strong> ele é vida. Quem não sabe beber<br />
um vinho com a leveza, a simplicidade e a pureza de <strong>que</strong>m bebe um copo de água<br />
cristalina, simplesmente não é capaz de o apreciar verdadeiramente.<br />
Foi com o Jorge e com o meu pai – outro profundo apreciador de vinhos – <strong>que</strong> eu aprendi<br />
alguma coisa sobre essa arte.<br />
Tanto para um como para o outro, o vinho nada mais era do <strong>que</strong> um importante<br />
complemento alimentar, uma extensão da mesa.<br />
Não uma extensão em termos puramente nutricionais, alimentares, mas uma extensão<br />
dos sabores, dos perfumes.<br />
Essa simplicidade <strong>que</strong> designava o cotidiano, por vezes quase austera, implicava segredos<br />
para serem descobertos, todos os dias – como uma postura Zen.<br />
Não eram, para ambos, segredos <strong>que</strong> pudessem ser codificados em qual<strong>que</strong>r manual<br />
técnico, em livros <strong>que</strong> estabelecem passos, com uma ou mais fórmulas.<br />
Não se tratava de fórmulas, ritos de qual<strong>que</strong>r tipo. O vinho, para eles, era algo simples,<br />
profunda manifestação de uma cultura, de algo ainda não homogeneizado pelo universo<br />
industrial.<br />
Vinho era vida – apenas isso.<br />
E não existe receita para a vida, nem manual preciso, pois tudo é descoberta e iluminação,<br />
todo o tempo.<br />
- Um vinho não pode existir sem o alimento – defendia ele – Você sabia <strong>que</strong> nas prisões<br />
dos países mediterrânicos, os presidiários bebem vinho às refeições?