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JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta

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<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />

o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />

204<br />

emanuel dimas de melo pimenta<br />

flautistas, maquinistas, cegos, aleijados, bicheiros, rezadeiras, parteiras, candomblezeiras,<br />

pescadores, taifeiros, jagunços, trabalhadores das roças de cacau, tabaréus, enfim. Afinal,<br />

este foi seu mundo.<br />

Esta foi a sua aldeia.<br />

Foi com eles <strong>que</strong> aprendeu essa arte.<br />

A arte de cativar, de sensibilizar, de tocar, de emocionar através do gesto comedido,<br />

da palavra lapidada, do rigor consigo mesmo.<br />

Agora, chegando perto do final desse pe<strong>que</strong>no texto, continuo sentindo a ponta do<br />

punhal, continuo chorando por dentro.<br />

Mas feliz por ver <strong>que</strong>, além do povo de Água Preta, ainda tem gente, do outro lado do<br />

mar, <strong>que</strong> também trabalha para reconhecer e eternizar o seu nome e a sua obra.<br />

Continuo chorando por dentro, só <strong>que</strong> agora de alegria.<br />

Por este presente <strong>que</strong>, afinal, ele, eu, toda a minha família e todos os seus amigos,<br />

estamos recebendo do <strong>que</strong>rido <strong>Emanuel</strong>.<br />

Obrigado <strong>Emanuel</strong>.<br />

De onde meu velho e <strong>que</strong>rido pai estiver também estará se alegrando e, a seu modo,<br />

também há de lhe agradecer. Esta é uma forma de continuarmos tendo nosso pai no meio<br />

de todos nós.<br />

De não sentirmos a sua falta como uma ponte sem rio.<br />

Por<strong>que</strong>, afinal, o <strong>que</strong> é a vida senão um balaio cheio de azeite e tâmaras, de dendê e<br />

farinha, de retratos, lembranças e sonhos <strong>que</strong> nunca merecem morrer?<br />

Jorge Medauar Jr., 2004

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