JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta
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<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />
o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />
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Foi nessa época, ainda anos 1970, <strong>que</strong> passei a fre<strong>que</strong>ntar a sua casa.<br />
Muitas vezes, eu aparecia sem avisar, como ele gostava <strong>que</strong> acontecesse.<br />
emanuel dimas de melo pimenta<br />
Conversávamos sobre Baudelaire, Poe, Balzac, Pessoa, Flaubert – Jorge amava<br />
profundamente Flaubert e Fernando Pessoa.<br />
Mas, também sobre Olavo Bilac, Augusto dos Anjos ou Rui Barbosa – <strong>que</strong> ele considerava,<br />
entre outros, um gênio de primeiríssima grandeza, e era capaz de dizer de memória longos<br />
trechos dos seus discursos.<br />
- Monteiro Lobato costumava contar histórias <strong>que</strong> não pertencem a nossa história<br />
oficial. Por isso, era amado pelas crianças e odiado pelo Sistema. Ele contava <strong>que</strong>,<br />
na verdade, a independência do Brasil aconteceu de forma muito diferente da<strong>que</strong>la<br />
<strong>que</strong> se conta nas escolas. Conta-se <strong>que</strong> D. Pedro I, <strong>que</strong> em Portugal viria a ser D.<br />
Pedro IV, tinha especial atração pelas jovens e belas índias. O pai, D. João VI – ou as<br />
pessoas <strong>que</strong> com ele governavam Portugal – andava preocupado com as incursões<br />
revolucionárias de Simão Bolivar pela América Latina. Terão combinado uma falsa<br />
independência, de forma a evitar a entrada de Bolivar no cenário brasileiro. Quando<br />
chegou o emissário da Corte Portuguesa, D. Pedro estava num barraco, no lugar <strong>que</strong><br />
viria ser o bairro do Ipiranga, perto de São Paulo, com belas índias. Era madrugada.<br />
Quando soube <strong>que</strong> D. Pedro estava num simples barraco, foi até lá, acompanhado de<br />
soldados. Ordenou <strong>que</strong> a porta fosse violentamente arrombada. Vendo o príncipe<br />
nú, cercado de índias, também nuas, o emissário terá ficado furioso e desencadeou<br />
uma terrível discussão com o príncipe regente. Este, revoltado com a autoritária e<br />
agressiva atitude do emissário terá colocado todos “para correr”. Não sabemos se<br />
isso é verdade, ou o quanto há de verdade nessa história. E, certamente, nem o<br />
Monteiro Lobato deveria saber, pois não é cultura oficial. Mas, é bem provável <strong>que</strong><br />
tenha sido exatamente isso o <strong>que</strong> aconteceu. Se foi verdade, a independência do<br />
Brasil é uma história bem diferente e bem mais divertida...