23.04.2013 Views

JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta

JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta

JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />

o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />

118<br />

emanuel dimas de melo pimenta<br />

perguntou, indignado, se era uma brincadeira, acrescentando <strong>que</strong> o ditador ficaria<br />

extremamente ofendido. Com uma expressão muito séria, expli<strong>que</strong>i-lhe <strong>que</strong> a figura<br />

do trator significava a semeadura, o plantio e a alimentação. O homem leu uma vez<br />

mais e, para o meu alívio, saiu satisfeito. Naturalmente, <strong>que</strong>m <strong>que</strong>r <strong>que</strong> leia o poema<br />

vai compreender exatamente o <strong>que</strong> eu quiz dizer com ele. Acho <strong>que</strong> acabaram<br />

rasgando o poema... e me deixaram em paz. Nunca mais apareceram.<br />

Depois de contar a<strong>que</strong>la história, o Jorge riu, sem esconder a sensação de alívio.<br />

Anos antes desse acontecimento, ainda no final da década de 1970, ele me telefonou<br />

pedindo para <strong>que</strong> fosse à sua casa, para uma reunião entre amigos, na<strong>que</strong>le mesmo dia,<br />

uma quinta feira.<br />

- Mas, Jorge! Não é amanhã <strong>que</strong> estaremos todos juntos?<br />

- Sim, estaremos. Entretanto, a reunião de hoje é muito especial. Eu <strong>que</strong>ro <strong>que</strong> você<br />

venha. Não há desculpas. É uma ordem. Venha.<br />

E eu fui.<br />

Na mesa da pe<strong>que</strong>na sala de estar, logo à entrada, havia vinho, água, pães, z’atar, hummus,<br />

chancklich, kibes, esfihas abertas e fechadas para além de deliciosos <strong>que</strong>ijos franceses,<br />

chèvre, emmental, ro<strong>que</strong>fort – tudo cuidadosamente preparado pela Dona Odete.<br />

Não fui o primeiro a chegar.<br />

Quando entrei na sala, o Jorge conversava com um homem magro, alto, muito claro e<br />

com refinamento típico da Europa central, bastante germânico.<br />

Conversamos um pouco sobre tudo.<br />

Generalidades.<br />

Tive a impressão de <strong>que</strong>, tal como eu, o sujeito também estava intrigado sem conhecer<br />

os motivos para a<strong>que</strong>le súbito convite.<br />

Passou muito tempo e eu cheguei a pensar <strong>que</strong> nada mais aconteceria.<br />

Já eram quase dez horas da noite quando o Jorge foi até ao portão para receber o terceiro<br />

convidado.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!