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JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta

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<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />

o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />

Isso não acontecia na rua do Jorge Medauar.<br />

emanuel dimas de melo pimenta<br />

A sensação era de <strong>que</strong> nada mais era necessário, nenhuma obra, nenhum ruído, nenhuma<br />

perturbação. Tudo era calmo como se estivéssemos sob as palmeiras à beira do mar.<br />

Mas, aquilo eram sibipirunas e o mar era cinza, feito de um manto de construções <strong>que</strong><br />

de tão grande já parecia uma doença contaminando um corpo.<br />

O <strong>que</strong> nós sentíamos lá não era o frio manto de pedra, mas apenas a sensação de<br />

estarmos num outro lugar, definitivamente livres.<br />

Um lugar sem pressa, sem violência.<br />

Lugar de poeta.<br />

O ar era denso e úmido.<br />

O verão estava <strong>que</strong>nte.<br />

Sem vento.<br />

Tudo silencioso.<br />

Podíamos ouvir os sons das árvores nas ruas, ou uma discussão numa casa distante.<br />

Na sua casa quase nunca havia música e o único aparelho de televisão, para além da<strong>que</strong>les<br />

<strong>que</strong> estavam nos quartos – escondidos dos amigos, para não interferir nos sonhos de cada<br />

um – era o da cozinha, e era velho e muito pe<strong>que</strong>no.<br />

A<strong>que</strong>le pe<strong>que</strong>no televisor funcionava mais como uma pe<strong>que</strong>na janela, mais usada pela<br />

Efigênia, <strong>que</strong> se divertia com as novelas e programas de auditório.<br />

A presença de um aparelho de televisão na sala teria sido considerada uma verdadeira<br />

ofensa ao respeito <strong>que</strong> se deveria ter para com a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> chegavam.<br />

- Quem chega é rei, não pode ter competição. Era assim <strong>que</strong> o Jorge pensava. Por<br />

isso, não importando de onde vinha ou para onde ía, o ser humano era a parte mais<br />

importante da<strong>que</strong>la casa.

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