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JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta

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<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />

o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />

12<br />

Cumprimentamo-nos cordial e rapidamente.<br />

emanuel dimas de melo pimenta<br />

Notei como a mão dele era pe<strong>que</strong>na e quase curva, como se fosse uma concha, quase,<br />

mas firme, muito firme.<br />

Sorriso ainda mais rápido, involuntário movimento.<br />

Lance de canto de olho.<br />

Embora rápidos olhares, foi uma varredura profunda, como o médico <strong>que</strong> toma o<br />

pulso ao paciente.<br />

Dentes pe<strong>que</strong>nos, rangendo, quase invisíveis.<br />

Voltou-se bruscamente e puxou pelo braço a pessoa <strong>que</strong> o acompanhava, afastando-se<br />

como <strong>que</strong> para esbravejar em silêncio uma séria e indignada confidência <strong>que</strong>, naturalmente,<br />

não escapou aos meus ouvidos.<br />

- É esse rapaz? – perguntou como se quizesse ter a certeza de <strong>que</strong> estava errado.<br />

- Sim, é ele...<br />

- Mas! É muito novo! Você tem certeza de <strong>que</strong> é mesmo esse rapaz?...<br />

Desconcertado, o sujeito abaixou a cabeça, indicando – em tom meio envergonhado<br />

– <strong>que</strong> sim.<br />

Envergonhado!<br />

Foi minha a indignação diante da<strong>que</strong>la pe<strong>que</strong>na e covarde vergonha do sujeito <strong>que</strong> o<br />

acompanhava.<br />

Um verme!<br />

Aquilo <strong>que</strong> insistiam dizer ser a minha sala era, na verdade, um pe<strong>que</strong>no quadrado<br />

cercado de velhos e horrorosos balcões forrados a fórmica, imitando grosseiramente algo<br />

<strong>que</strong> presumivelmente deveria ser parecido com madeira.<br />

Tudo na<strong>que</strong>le edifício era pobre, intencionalmente pobre, deprimente, esteticamente<br />

medíocre, decadente e, como se costumava dizer, tudo tinha jeito de repartição pública,<br />

sem o ser.

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