páginas “6” e “23”, quando menciona o vers. 57 ... - Mkmouse.com.br
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assegurar a sucessão, concebia-se, portanto: primeiro, que o sangue real devesse ser<<strong>br</strong> />
efetivamente o sangue real, e segundo, que este procedimento fosse fortalecido pela<<strong>br</strong> />
introdução do estranho conquistador, em lugar de ser atenuado pela procriação<<strong>br</strong> />
consangüínea.<<strong>br</strong> />
Em certos casos, exagerava-se <strong>com</strong> esta teoria. Havia provavelmente muita tramóia a<<strong>br</strong> />
respeito desse príncipe sob disfarce. É possível que o rei, seu pai, lhe fornecesse cartas de<<strong>br</strong> />
apresentação bastante secretas; em suma, que o velho jogo político já fosse velho até<<strong>br</strong> />
naquelas épocas remotas.<<strong>br</strong> />
Tal costume, assim, evoluiu para a condição bem investigada por Frazer em A Rama<<strong>br</strong> />
Dourada (esta rama sendo, sem dúvida, um símbolo da própria filha do rei). “A filha do<<strong>br</strong> />
rei é toda gloriosa interiormente; seu traje é de ouro lavrado.”<<strong>br</strong> />
Como teria ocorrido tal evolução ?<<strong>br</strong> />
Pode ter havido uma reação contra o jogo político. Pode ter havido uma glorificação,<<strong>br</strong> />
antes de tudo do “fidalgo-assaltante”, finalmente do mero chefe de quadrilha, mais ou<<strong>br</strong> />
menos <strong>com</strong>o temos visto, no nosso próprio tempo, na reação contra o vitorianismo. As<<strong>br</strong> />
credenciais do “príncipe errante” foram meticulosamente examinadas; a não ser que fosse<<strong>br</strong> />
um criminoso fugitivo, não podia ser escolhido para a <strong>com</strong>petição; tampouco era<<strong>br</strong> />
suficiente para ele conquistar a filha do rei numa <strong>com</strong>petição aberta, viver no regaço do<<strong>br</strong> />
luxo até que o velho rei morresse e sucedê-lo pacificamente. Era forçado a assassinar o<<strong>br</strong> />
velho rei <strong>com</strong> suas próprias mãos.<<strong>br</strong> />
À primeira vista, pareceria que a fórmula é a união do extremamente masculino, a<<strong>br</strong> />
grande fera loura, <strong>com</strong> o extremamente feminino, a princesa que não conseguia dormir se<<strong>br</strong> />
houvesse uma ervilha sob seus sete leitos de penas. Mas todo este simbolismo derrota a si<<strong>br</strong> />
mesmo. O macio se torna o duro, o áspero se torna o liso. Quanto mais se sonda a<<strong>br</strong> />
fórmula, mais a identificação dos opostos se torna estreita. A pomba é a ave de Vênus,<<strong>br</strong> />
mas também é um símbolo do Espírito Santo, ou seja, do falo, sob sua forma mais<<strong>br</strong> />
sublimada. Não há, portanto, qualquer razão para surpreender-se <strong>com</strong> a identificação do<<strong>br</strong> />
pai <strong>com</strong> a mãe.<<strong>br</strong> />
Naturalmente, <strong>quando</strong> idéias tão sublimes se tornam vulgarizadas, deixam de exibir o<<strong>br</strong> />
símbolo <strong>com</strong> lucidez. O grande hierofante, frente a um símbolo inteiramente ambíguo, é<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>igado, exatamente devido ao seu cargo de hierofante, ou seja, daquele que manifesta o<<strong>br</strong> />
mistério, a “rebaixar a mensagem para o cão”. Tem que fazer isto exibindo um símbolo<<strong>br</strong> />
da segunda ordem, um símbolo que se ajuste à inteligência da segunda ordem de<<strong>br</strong> />
iniciados. Este símbolo, em lugar de ser uni<strong>vers</strong>al, ultrapassando assim a expressão<<strong>br</strong> />
ordinária, precisa ser adaptado à capacidade intelectual de um conjunto particular de<<strong>br</strong> />
pessoas, as quais ao hierofante <strong>com</strong>pete iniciar. Uma tal verdade, conseqüentemente,<<strong>br</strong> />
aparece para o vulgo <strong>com</strong>o fábula, parábola, lenda e mesmo credo.<<strong>br</strong> />
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