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(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...

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apenas uma visão elaborada por seu autor, e não a totalida<strong>de</strong>, a <strong>História</strong>. Como José<br />

Carlos Reis afirma, “Ele [ser humano] apenas tomou conhecimento do seu lado feito,<br />

resultado, inconsciente, o que significou a ampliação da consciência e do seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

construção da história.” 9 Com isso, as interpretações históricas procuraram evi<strong>de</strong>nciar<br />

mais indícios e possibilida<strong>de</strong>s do que verda<strong>de</strong>s; ou nas palavras <strong>de</strong> Marc Bloch, “não<br />

sentimos mais a obrigação <strong>de</strong> buscar impor a todos os objetos do conhecimento um<br />

mo<strong>de</strong>lo intelectual uniforme, inspirado nas ciências da natureza física, uma vez que até<br />

nelas esse gabarito <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser integralmente aplicado.” 10 Note-se que estamos se<br />

reportando tanto aos estudos quanto aos documentos ou afirmações históricas que<br />

posteriormente foram <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> oficiais, ou ainda, aqueles eram tidos como as<br />

fontes primárias para o conhecimento do passado, ou em última análise, para<br />

documentos que tivessem o foco explícito <strong>de</strong> tratar e ser referência ao conhecimento<br />

passado, ou por ele i<strong>de</strong>ntificado.<br />

A alteração epistemológica do fazer historiográfico veio acompanhada da<br />

ampliação do conceito <strong>de</strong> fonte, que passou a ser qualquer traço humano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

<strong>de</strong>vidamente interrogado pelo método <strong>de</strong> pesquisa. Houve na seleção da documentação<br />

um aparente <strong>de</strong>sprestígio com relação aos documentos classificados como oficiais, pois<br />

creditavam que a <strong>História</strong> feita por ou com eles era ten<strong>de</strong>nciosa, legitimadora e<br />

privilegiaria apenas o lado do po<strong>de</strong>r. Buscou-se, em contrapartida, meios <strong>de</strong> tentar<br />

burlar esta fórmula, caracterizada como <strong>História</strong> tradicional. Se os documentos oficiais<br />

informavam com mais ênfase os acontecimentos políticos, buscava-se fontes que<br />

<strong>de</strong>ssem informações sobre os anônimos, o cotidiano não relatado nos gabinetes<br />

diplomáticos. Sobre a renovação conceitual da <strong>História</strong> e dos documentos, José Carlos<br />

Reis assim resume sobre a tipologia documental <strong>de</strong>senvolvida principalmente no século<br />

XX:<br />

Os documentos referem-se à vida cotidiana das massas anônimas, à sua vida produtiva, às suas<br />

crenças coletivas. Os documentos não são mais ofícios, cartas, editais, textos explícitos sobre a<br />

intenção do sujeito, mas listas <strong>de</strong> preços, <strong>de</strong> salários, séries <strong>de</strong> certidões <strong>de</strong> batismo, óbito,<br />

casamento, nascimento, fontes notariais, contratos, testamentos, inventários. A documentação<br />

massiva e involuntária é prioritária em relação aos documentos voluntários e oficiais. 11<br />

9 REIS, José Carlos. Escola dos Annales. A inovação em <strong>História</strong>. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 22.<br />

10 BLOCH, Marc. Apologia da <strong>História</strong> ou o ofício do historiador. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor,<br />

2001. p. 49.<br />

11 REIS, José Carlos. op. cit., p. 23.<br />

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