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(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...

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militares. No entanto, os nobres cavaleiros acabavam não tendo um local legitimamente<br />

instituído para valerem-se da prerrogativa bélica, e conseguirem privilégios.<br />

Restava aos portugueses encontrar um novo local para fazer uso <strong>de</strong> armas,<br />

principalmente porque era intenção do rei Dom João I armar seus filhos como<br />

cavaleiros. Ainda havia, neste período, o reino muçulmano <strong>de</strong> Granada na própria<br />

Península Ibérica, mas a conquista <strong>de</strong>ste estava reservada ao reino <strong>de</strong> Castela. O local<br />

escolhido pelos portugueses foi a praça <strong>de</strong> Ceuta, no noroeste africano. As preparações<br />

ocorreram até o ano <strong>de</strong> 1415, quando conseguem atacar e dominar a cida<strong>de</strong>. Com o<br />

controle, foi firmado um acordo on<strong>de</strong> alguns nobres ficaram responsáveis pela<br />

manutenção da cida<strong>de</strong> em nome português, e os <strong>de</strong>mais voltariam ao reino. Neste<br />

contexto, portanto, selecionamos como objeto <strong>de</strong> análise a formação da segunda dinastia<br />

portuguesa, os argumentos para a tomada e permanência <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> nobres na<br />

praça <strong>de</strong> Ceuta, em África.<br />

A mudança em estruturas e mentalida<strong>de</strong>, que caracteriza a alteração conceitual<br />

<strong>de</strong> Ida<strong>de</strong> Média e Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna, po<strong>de</strong> ser observada na Europa que antes do<br />

expansionismo atlântico era marcada pelo elemento particular e restrito <strong>de</strong> reinos que se<br />

organizavam principalmente enquanto unida<strong>de</strong>s soberanas sobre seus territórios e<br />

possessões, e pelo elemento personalista e senhorial <strong>de</strong> associação política dos grupos<br />

aristocráticos. 5 Com a <strong>de</strong>scoberta e domínio <strong>de</strong> territórios em África, América e Ásia,<br />

percebe-se que os reinos procuraram se estruturar enquanto unida<strong>de</strong>s, na intenção <strong>de</strong><br />

abarcar o controle <strong>de</strong>stas regiões. Po<strong>de</strong>-se perceber, portanto, que um dos elementos da<br />

transição da Ida<strong>de</strong> Média para a Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna ocorreu na esfera administrativa, com a<br />

consolidação <strong>de</strong> estruturas jurídicas que permitiram a formação <strong>de</strong> Estados; e o que<br />

antes marcava uma relação política senhorial ou feudo-vassálica foi aos poucos<br />

transformando em organizações burocráticas ramificadas. 6<br />

A pesquisa não está preocupada em analisar a alteração estrutural dos reinos<br />

europeus, nem apontar que as motivações econômicas, <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> um impulso<br />

burguês, foram a força propulsora do expansionismo ibérico. Estamos preocupados com<br />

os elementos régio-nobiliárquicos do contexto pesquisado, até porque a baliza temporal<br />

marca a primeira fase <strong>de</strong>sta saída européia rumo aos trópicos, sendo melhor tratar-se <strong>de</strong><br />

5<br />

Sobre esta mudança estrutural, consultar: STRAYER, Joseph R. Origens medievais do Estado<br />

mo<strong>de</strong>rno. Lisboa: Grandiva, [s.d.]. 116 p.<br />

6<br />

Os trabalhos que melhor exploram o tema com relação a Portugal são <strong>de</strong> António Manuel Hespanha.<br />

Uma síntese das principais idéias po<strong>de</strong> ser conferida em: HESPANHA, António Manuel. As estruturas<br />

políticas em Portugal na Época Mo<strong>de</strong>rna. In: TENGARRINHA, José (Org.) <strong>História</strong> <strong>de</strong> Portugal.<br />

Bauru: EDUSC, 2001. p. 117-181.<br />

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