(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...
(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...
(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
crônica, Coronica do con<strong>de</strong> dom Pedro continuada aa tomada <strong>de</strong> Çepta, a quall<br />
mandou ell rey dom Afonso, quinto <strong>de</strong>ste nome e dos rreis <strong>de</strong> Portugall duo<strong>de</strong>çimo,<br />
escrever, mostra, a princípio, que foi apenas o rei Dom Afonso V que pediu a redação.<br />
No entanto, no <strong>de</strong>correr da parte inicial, percebemos que Zurara <strong>de</strong>screve que a filha do<br />
Con<strong>de</strong> Dom Pedro Meneses solicitara ao rei que os fatos passados por seu pai fossem<br />
compilados, como po<strong>de</strong>mos verificar a seguir:<br />
E assy que ho bõ <strong>de</strong>sejo e vomta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste rrey dom Affomso foy a primçipall causa <strong>de</strong> se esta<br />
obra começar e acabar e <strong>de</strong>sy rrequerimento <strong>de</strong> hũa filha daquelle com<strong>de</strong> que se chamava dona<br />
Lianor <strong>de</strong> Meneses, molher por çerto virtuosa e <strong>de</strong> grã<strong>de</strong> saber, a quall ffoy casada com dom<br />
Fernando, bisneto <strong>de</strong>ll rrey dom Johão e filho primogenito do illustre e virtuoso pimçipe dom<br />
Fernamdo, que foy duque <strong>de</strong> Bragança e marques <strong>de</strong> Villa Viçosa, com<strong>de</strong> d'Arrayolos e d'Ourem<br />
e <strong>de</strong> Barçellos e <strong>de</strong> Neiva e senhor <strong>de</strong> Chaves e <strong>de</strong> Momforte. 25<br />
Disto, po<strong>de</strong>-se concluir que o pedido da redação da crônica não era único, mas<br />
sem dúvida a referência principal e <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque era do rei, que tinha po<strong>de</strong>r para or<strong>de</strong>nar<br />
a feitura do texto e permitir que o cronista fizesse as <strong>de</strong>vidas consultas nos arquivos<br />
régios. O fato <strong>de</strong> uma pessoa <strong>de</strong> posição política como a filha do Con<strong>de</strong> Dom Pedro <strong>de</strong><br />
Meneses solicitar ao rei e elaboração do livro po<strong>de</strong> indicar a importância do documento<br />
não apenas para o rei, mas para os nobres, apesar do rei sempre aparecer com maior<br />
<strong>de</strong>staque. Note-se a expansão da caracterização familiar da filha do governador <strong>de</strong><br />
Ceuta, dando espaço para a nobreza aparecer e ocupar um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na<br />
composição cronística.<br />
Se voltarmos para a primeira crônica escrita por Zurara, a Crónica da tomada <strong>de</strong><br />
Ceuta, também vamos perceber uma ênfase aos feitos realizados pelo rei, só que neste<br />
caso, o rei Dom João I:<br />
O tempo e gran<strong>de</strong>za das obras nos constrangem fortemente que escrevamos, nos seguintes<br />
capítulos, a gloriosa fama da mui notável empresa tomada por este virtuoso e nunca vencido<br />
Príncipe, senhor Rei Dom João, que seu propósito <strong>de</strong>terminou forçosamente por armas<br />
conquistar uma tão nobre e tão gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> como é Ceuta. No qual feito consi<strong>de</strong>rando,<br />
po<strong>de</strong>mos esguardar quatro cousas, s. gran<strong>de</strong> amor da Fé, gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> coração, maravilhosa<br />
or<strong>de</strong>nança, e proveitosa vitória, a qual foi maravilhoso preço <strong>de</strong> seu gran<strong>de</strong> trabalho. 26<br />
Até aqui, observamos que a estrutura <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição seguia uma configuração até<br />
certo ponto padrão, pois o livro era encomendado, e tinha-se por objetivo, seguindo os<br />
cronistas, relatar os fatos do tempo passado à luz da verda<strong>de</strong>. Se lembrarmos a citação<br />
25 Ibid., p. 174-175.<br />
26 GEZ-CTC, Cap. II, p. 41.<br />
22