(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...
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sua respectiva Santida<strong>de</strong>, contra os cismáticos, ainda que estes cristãos mostrem uma<br />
mudança <strong>de</strong> pensamento sobre o papa mais a<strong>de</strong>quado, como sugere Armindo <strong>de</strong> Sousa:<br />
E cismáticos porquê? Porque o papa <strong>de</strong>les era o outro. Útil, excessivamente útil aos príncipes o<br />
Gran<strong>de</strong> Cisma do Oci<strong>de</strong>nte. Mudarão <strong>de</strong> obediência pontifícia ao sabor das oportunida<strong>de</strong>s<br />
diplomáticas e políticas. Castela e França seguirão o papa <strong>de</strong> Avinhão e Inglaterra o <strong>de</strong> Roma;<br />
Portugal vai seguir um e outro, conforme lhe convenha a ‘fé’ dos Franceses ou a ‘fé’ dos <strong>de</strong><br />
Inglaterra. Assim, em 1378, duas ‘fés’, primeiro a <strong>de</strong> Roma e <strong>de</strong>pois a <strong>de</strong> Avinhão; em 1381,<br />
volta-se à <strong>de</strong> Roma; no ano seguinte, retorna-se a <strong>de</strong> Avinhão. Com D. João I, Roma é que será a<br />
autêntica: Castela estava no erro. 39<br />
Diante das revoltas e incertezas no reino português, Dom Fernando toma<br />
algumas atitu<strong>de</strong>s governativas, como uma reforma administrativa, que envolve a lei das<br />
Sesmarias, leis protetoras aos mercadores, entre outras, na tentativa <strong>de</strong> agradar os<br />
grupos sociais. Como afirma Armindo <strong>de</strong> Sousa: “O povo revoltava-se contra o rei e<br />
contra os tempos. E o rei tentava, embainhada a espada inglória, socorrer-se da pena<br />
administrativa – à qual, é facto, se <strong>de</strong>vem os bons actos da sua governação.” 40<br />
No ano <strong>de</strong> 1373, o monarca português resolve atacar o reino castelhano, pois o<br />
rei Henrique II Trastâmara havia morrido, e seu sucessor, João I <strong>de</strong> Castela, parecia um<br />
adversário fraco. No entanto, o embate ocorre apenas em 1381, e <strong>de</strong>sta vez foi o rei <strong>de</strong><br />
Castela que inva<strong>de</strong> Portugal, sendo que após os conflitos militares, chega-se a uma<br />
trégua, que <strong>de</strong>ntre os vários pontos, um passava pelo acordo <strong>de</strong> que a infanta Dona<br />
Beatriz, her<strong>de</strong>ira do trono português, casaria com um her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Castela. Ficando o rei<br />
castelhano viúvo em 1383, Dona Beatriz, em tratado re<strong>de</strong>finido no mesmo ano, passou a<br />
ser esposa <strong>de</strong> Dom João I <strong>de</strong> Castela, com a seguinte cláusula: falecendo Dom Fernando<br />
sem filho varão, isto é, legítimo e acima <strong>de</strong> 14 anos, as coroas <strong>de</strong> Portugal e Castela,<br />
apesar <strong>de</strong> separadas, estariam sob o domínio <strong>de</strong> Dom João I <strong>de</strong> Castela e Dona Beatriz,<br />
ainda que Leonor Teles por regedora do reino português, já que sua filha tinha então 11<br />
anos. Uma situação <strong>de</strong>licada ao reino lusitano, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da sucessão agnática;<br />
lembremos que o casamento que Dom Fernando não foi politicamente arranjado, sendo<br />
neste momento o peso da sua escolha <strong>de</strong>cisiva ao futuro do reino, ou melhor, nas<br />
palavras <strong>de</strong> Armindo <strong>de</strong> Sousa:<br />
D. Fernando, emotivo e manobrável, amigo <strong>de</strong> fidalgos e <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhador do povo, <strong>de</strong> Formoso e<br />
Inconstante cognominado, ocupa no painel dos reis portugueses uma posição mal olhada. Des<strong>de</strong><br />
sempre. O cronista Fernão Lopes dá <strong>de</strong>le a imagem <strong>de</strong> um homem que morre chorando,<br />
39 Ibid., p. 493.<br />
40 Ibid., p. 492.<br />
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