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(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...

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portugueses viam e justificavam sua ação contra Castela e no território africano. Estes<br />

argumentos po<strong>de</strong>m ser pensados enquanto forma ao discurso que permeava as ações dos<br />

nobres e os membros da casa dinástica, integrando as próprias relações políticas <strong>de</strong>stes<br />

grupos. Abordando os argumentos legitimadores, incluiremos uma variável que permita<br />

compreen<strong>de</strong>r os objetivos dos nobres e da casa dinástica em tomar a praça no noroeste<br />

africano, e ainda, o que aspiravam aqueles que lá permaneceram.<br />

Enfim, o objetivo do presente capítulo é integrar dois pontos importantes para a<br />

compreensão <strong>de</strong> ações ultramarinas no início do século XV, em particular a tomada <strong>de</strong><br />

Ceuta. Analisar tanto a formação da dinastia e a ação <strong>de</strong> alguns nobres como os<br />

argumentos legitimadores para a conquista da praça po<strong>de</strong>m trazer uma discussão sobre<br />

as práticas políticas levadas a cabo no reino português nos séculos XIV e XV.<br />

2.1 CRISE RÉGIA E O FIM DE UMA DINASTIA<br />

Ao tentar compreen<strong>de</strong>r a formação da dinastia <strong>de</strong> Avis, como é objetivado neste<br />

capítulo, precisamos recuar contextualmente ao reinado <strong>de</strong> Dom Fernando, último rei da<br />

dinastia anterior, a <strong>de</strong> Borgonha. Contexto este da segunda meta<strong>de</strong> do século XIV<br />

agitado na Europa por guerras, lutas entre her<strong>de</strong>iros, peste, fome; não que não houvesse<br />

isto em outros momentos, mas queremos apenas sinalizar uma intensida<strong>de</strong> e<br />

confluências <strong>de</strong> adversida<strong>de</strong>s. Segundo Fátima Regina Fernan<strong>de</strong>s,<br />

Todo o século XIV caracteriza-se como um período <strong>de</strong> transição em vários aspectos da vida<br />

política, econômica e social, com importantes reflexos na estabilida<strong>de</strong> interna dos reinos<br />

europeus. Várias são as ocasiões <strong>de</strong> crises dinásticas neste período. Em Portugal marca-se a<br />

transição da dinastia <strong>de</strong> Borgonha à <strong>de</strong> Avis. Em França, os últimos Capetos, para os Valois. Em<br />

Castela, a dinastia <strong>de</strong> Borgoña, para os Transtâmara. Em Inglaterra, a transição dos Plantagenetas<br />

aos Lancaster. [...] Enfim, um momento <strong>de</strong> transformação das estruturas, que obriga os monarcas<br />

a buscarem consenso interno e apoios externos a fim <strong>de</strong> consolidar seu po<strong>de</strong>r. 36<br />

E com relação ao reino português, em particular a Dom Fernando, Armindo <strong>de</strong><br />

Sousa nos informa:<br />

D. Fernando nasceu em Coimbra no dia 31 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1345. Tinha, portanto, vinte e um anos<br />

e alguns meses quando subiu ao trono. Herdava um reino em paz e um erário muito rico. Tudo<br />

indicava que, apesar da crise social e econômica que se vivia – aliás, comum a toda a Europa –<br />

36 FERNANDES, Fátima Regina. Tempo, po<strong>de</strong>r e política na Baixa Ida<strong>de</strong> Média portuguesa. Trabalho<br />

apresentado no V EIEM. Salvador: ABREM/UFBA, 2003. f. 1-2.<br />

30

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