(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...
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É interessante perceber o movimento dos nobres em torno do assassinato do An<strong>de</strong>iro. Depois <strong>de</strong><br />
executar um ato que afrontava diretamente a rainha, com o apoio dos fidalgos que apoiavam a<br />
regência da esposa do monarca falecido, [...] o Mestre vai cercado por esses pedir perdão à<br />
Leonor Teles. Na verda<strong>de</strong>, sabemos que essa ação culminará com a passagem da regência para<br />
D. João <strong>de</strong> Avis, o que significará a <strong>de</strong>serção <strong>de</strong> vários <strong>de</strong>sses fidalgos que queria a morte do<br />
An<strong>de</strong>iro. Po<strong>de</strong>mos afirmar que a sua morte era uma necessida<strong>de</strong> entrevista pelos nobres para<br />
reequilibrar a balança <strong>de</strong> honra e proveito que a influência do con<strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s fazia<br />
pen<strong>de</strong>r-lhes <strong>de</strong>sfavorável. 43<br />
No início <strong>de</strong> 1384, o rei <strong>de</strong> Castela inva<strong>de</strong> Portugal, realizando um cerco à<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, que por alguns motivos, em especial a peste que ataca a parte externa<br />
dos muros, acaba propiciando a vitória portuguesa. Esta manutenção <strong>de</strong> soberania acaba<br />
<strong>de</strong>spertando um sentimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> em torno do Mestre <strong>de</strong> Avis, que parecia não<br />
mais ser apoiado apenas por alguns, ou nas palavras <strong>de</strong> Armindo <strong>de</strong> Sousa, “[...] a causa<br />
do Mestre já não era a <strong>de</strong> uns rebel<strong>de</strong>s que se ergueram em Lisboa, mas a <strong>de</strong> Portugal<br />
erguido contra Castela. Para que o Mestre fosse rei só faltava uma eleição confirmada<br />
pelos três braços da nação [sic]. Em cortes, obviamente.” 44 O acordo estabelecido <strong>de</strong><br />
que o Mestre <strong>de</strong> Avis <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>sse o reino foi cumprido, e a realização dos objetivos <strong>de</strong><br />
alguns nobres em aliar-se a ele estava cada vez mais sólida.<br />
Mesmo com a retirada dos castelhanos, a situação no reino era complicada, pelo<br />
fato do reino estar sem rei. Neste contexto, alguns portugueses tomavam a palavra em<br />
nome da coletivida<strong>de</strong>, causando divisões típicas em períodos <strong>de</strong> crise, ou revolução<br />
como querem alguns historiadores. Vozes como as <strong>de</strong> Álvaro Pais e Álvaro Gonçalves,<br />
que solicitam ao rei que seja não mais apenas <strong>de</strong>fensor, mas regedor e <strong>de</strong>fensor do<br />
reino, como <strong>de</strong>screve Fernão Lopes:<br />
[...] vaamos ao Mestre e peçamos lhe aficadamente, que seja sua merçee em toda guisa, tomar<br />
carrego <strong>de</strong> <strong>de</strong>fem<strong>de</strong>r este çida<strong>de</strong> e o rregno; e nos o serviemos com os corpos e averes, e lhe<br />
daremos todo quamto teemos: e assi farom todollos outros do rregno que verda<strong>de</strong>iros<br />
Portugueses forem; e nom curem <strong>de</strong> mais emviar rrecado aa Rainha, nem da rreposta que lhe ha<br />
<strong>de</strong> mamdar.<br />
Estomçe ho comuũ poboo livre e nom sogeito a alguũs que o comtrario disto semtissem, lhe<br />
pedirom por merçee que se chamasse Regedor e Defensor dos rregnos; e ell veemdo seu gram<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sejo, <strong>de</strong>si o comsselho <strong>de</strong> frei Johane, e dos outros que lhe sobristo aviam fallado, outorgou <strong>de</strong><br />
o fazer. 45<br />
Neste período, Dona Leonor é expulsa do reino, e então o Mestre <strong>de</strong> Avis rege e<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o reino por mais um ano, até <strong>1385</strong>, ano em que as Cortes <strong>de</strong> Coimbra são<br />
convocadas, para eleger um novo rei. Nas cortes, havia alguns candidatos, e diante das<br />
43 GUIMARÃES, Marcella Lopes. op. cit., f. 169-170.<br />
44 SOUSA, Armindo <strong>de</strong>. op. cit., p. 495.<br />
45 FL-CDJI-I, Cap. XXVI, p. 52.<br />
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