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(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...

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O rei procura focar nos filhos a organização dos preparativos e a arrecadação <strong>de</strong><br />

verbas para financiar os materiais necessários, sendo que os interessados procurariam os<br />

meios para auxiliar na organização da viagem. Além <strong>de</strong>stes preparativos internos, a casa<br />

régia procurou enviar embaixadas para os reinos, como os <strong>de</strong> Aragão e Granada. Castela<br />

soube das intenções <strong>de</strong> tomar Ceuta, e também busca informações sobre a manutenção<br />

da trégua já firmada.<br />

O embarque da frota em direção a Ceuta ocorreu no dia 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1415, e o<br />

cronista Gomes Eanes <strong>de</strong> Zurara <strong>de</strong>screve no qüinquagésimo capítulo uma lista extensa<br />

dos portugueses que se faziam lembrar naquele momento da escrita. Apesar <strong>de</strong> o<br />

cronista escrever que “não lhe guardamos nenhuma or<strong>de</strong>nança no escrever, porque<br />

achamos que por nenhum modo o po<strong>de</strong>ríamos fazer”, nota-se uma hierarquia <strong>de</strong><br />

prestígio na sua composição, pois os nomes <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque e algumas referências são<br />

citados num primeiro momento, como vemos em um pequeno trecho:<br />

Era, principalmente, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> el-Rei, o Infante Duarte, e o Infante Dom Pedro, e o Infante Dom<br />

Henrique, e o con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barcelos, e o Mestre <strong>de</strong> Cristo Dom Lopo Dias <strong>de</strong> Sousa, e o Prior do<br />

Espital Alvoro Gonçalves Camelo, e o Con<strong>de</strong>stável, e o almirante Mice Lançarote, o marechal<br />

Gonçalo Vaz <strong>de</strong> Coutinho, e o capitão Afonso Furtado <strong>de</strong> Mendonça, João Gomes da Silva,<br />

alferes <strong>de</strong> el-Rei, o con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viana Dom Pedro alferes do Infante, Dom Fernando <strong>de</strong> Bragança<br />

filho do Infante Dom João irmão que foi <strong>de</strong> el-Rei, Dom Afonso <strong>de</strong> Cascais, Dom João <strong>de</strong> Castro<br />

Dom Fernando seu irmão, Dom Álvaro Pires <strong>de</strong> Castro, Dom Pedro seu filho, Dom João <strong>de</strong><br />

Loronha Dom Henrique seu irmão Martim Afonso <strong>de</strong> Melo guarda-mor <strong>de</strong> el-Rei, João Freire <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong>, ... Todos estes senhores fidalgos eram capitães <strong>de</strong> gente, muita ou pouca, cada um<br />

segundo seu estado. [...] Ficaram, isso mesmo no reino, por todas as comarcas, fidalgos<br />

repartidos para guardar as frontairas e, sobre todos, o Mestre <strong>de</strong> Avis que ficava em pessoa <strong>de</strong> el-<br />

Rei. 71<br />

Com os portugueses nos barcos, frei João Xira, confessor <strong>de</strong> Dom João I, fala<br />

sobre os objetivos <strong>de</strong> tomar a praça <strong>de</strong> Ceuta, tentando motivar e dar sentido a ação que<br />

fariam. Para se fundamentar, ele toma os preceitos religiosos, sendo que o ataque militar<br />

era justificado em textos do apóstolo Paulo, como neste trecho:<br />

[...] que não somente aqueles que são contra a Fé são dignos <strong>de</strong> morte, mas ainda os que o<br />

consentem não lho contrariando com todas suas forças. Pela qual cousa parece aqueles que se<br />

tem por católico e verda<strong>de</strong>iro cristão, e com toda sua força não se dispõe a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua santa<br />

Fé, não é verda<strong>de</strong>iro cavaleiro, nem nembro <strong>de</strong> Jesus Cristo, nem tem parte alguma com Ele, e<br />

que é pior que cada um daqueles infiéis. [...] Cá Deus todo po<strong>de</strong>roso sabe que, se algum <strong>de</strong> vós<br />

outros morrer, que morre pela verda<strong>de</strong> da Fé e salvação da Sua Lei. Pelo qual Ele mesmo lhe<br />

dará o celestial galardão. [...] Ora honrados senhores, el-Rei nosso senhor vos faz a saber, como<br />

por todas as razões suso ditas sua intenção é com a Graça do Senhor Deus ir sobre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ceuta, e trabalhar quanto ele pu<strong>de</strong>r, por tomar à Fé <strong>de</strong> Nosso Senhor Jesus Cristo. 72<br />

71 GEZ-CTC, Cap. L, p. 178.<br />

72 GEZ-CTC, Cap. LII, p. 181-182.<br />

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