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(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...

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Restava apenas o rei autorizar o combate, revestindo a solicitação em termos<br />

legitimados; e para isso, este pe<strong>de</strong> que eclesiásticos e conselheiros <strong>de</strong>cidissem,<br />

buscando argumentos sobre a autorida<strong>de</strong> do ataque, chegando a seguinte posição:<br />

Ora, senhor, disseram eles, ‘não havemos por que acrescentar mais soma <strong>de</strong> palavras, abasta que<br />

nós que aqui somos presentes por autorida<strong>de</strong> da Santa Escritura, assim como homens que, sem<br />

nosso merecimento, temos grau na sacra teolesia [teologia], <strong>de</strong>terminamos que vossa mercê po<strong>de</strong><br />

mover guerra contra quaisquer infiéis, assim mouros como gentios, ou quaisquer outros que, por<br />

algum modo, negarem alguns dos artigos da Santa Fé Católica. 67<br />

Ao rei ainda impedia-se alguns obstáculos, como as <strong>de</strong>spesas para preparar o<br />

ataque, a distância da praça do reino, a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o reino para o<br />

combate, a retaliação que os muçulmanos teriam após o conflito, enfim, uma hesitação<br />

característica do monarca. Estes empecilhos apresentados por Dom João I foram<br />

diminuídos pelo entusiasmo <strong>de</strong> Dom Henrique no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> combate aos muçulmanos<br />

em Ceuta, pois se existia uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combate, esta não <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>scartada.<br />

Os motivos, portanto, apresentavam-se no que dizia respeito ao serviço a Deus, que<br />

resultariam em benefícios aos membros do reino, pois estariam honrando o cristianismo<br />

frente a um inimigo que, segundo eles, queriam por natureza o mal.<br />

2.4 O APOIO DA NOBREZA AO ATAQUE DE CEUTA<br />

Passado o momento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o alvo do ataque, a aliança com os nobres<br />

<strong>de</strong>veria ser feita, pois como o próprio rei já havia aludido, o movimento necessitava <strong>de</strong><br />

verbas para ser realizado, além <strong>de</strong> um corpo militar que pu<strong>de</strong>sse efetivamente travar um<br />

combate eficaz, produzindo a situação <strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> cerimônia <strong>de</strong> cavalaria. Sobre isso, o<br />

cronista Zurara nos informa que Nuno Álvares Pereira seria um personagem<br />

fundamental para a a<strong>de</strong>são dos nobres:<br />

O segundo empacho é o Con<strong>de</strong>stável [Nuno Álvares], o qual sabeis que, assim por mui boa vida,<br />

como pelos gran<strong>de</strong>s e bem-aventurados aquecimentos que houve, tem assim as gentes do reino<br />

chegadas a sua amiza<strong>de</strong>, que se ele, por ventura, contradisser este conselho, todos teriam que não<br />

era feito direitamente. A qual cousa lhe faria menos esforço para nos ajudarem a isso, quando<br />

forem requeridos. Porém, antes <strong>de</strong> nenhuma cousa, é bem que vejamos por qual maneira lhe<br />

faremos saber a <strong>de</strong>terminação que em isto havemos, porque, ao <strong>de</strong>pois, por seu <strong>de</strong>sprazimento,<br />

não recebamos algum pejo. 68<br />

67 GEZ-CTC, Cap. XI, p. 67.<br />

68 GEZ-CTC, Cap. XIX, p. 88.<br />

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