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(C. 1385-1464) 2007 - Departamento de História - Universidade ...

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nobres que atuariam em Ceuta já tinham uma participação anterior, consi<strong>de</strong>rando,<br />

portanto, uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise integrada com as crônicas <strong>de</strong> Fernão Lopes e<br />

Gomes Eanes <strong>de</strong> Zurara.<br />

Chegando ao contexto do início do século XV, e em especial ao movimento <strong>de</strong><br />

tomada militar <strong>de</strong> Ceuta, os historiadores consultados apresentam causas, ou ainda,<br />

motivos que fizeram os portugueses organizarem-se para navegar e cruzar o mar<br />

Mediterrâneo. Lembremos apenas que as várias causas apenas reforçam a idéia <strong>de</strong><br />

sentido polissêmico à tomada <strong>de</strong> Ceuta, sendo que a abordagem pretendida nesta<br />

pesquisa está mais vinculada aos móveis simbólicos da cruzada, e como a nobreza e<br />

monarquia atuaram naquele momento. Nas palavras <strong>de</strong> Charles Boxer, “[...] os impulsos<br />

fundamentais por trás do que se conhece como a ‘Era dos Descobrimentos’ sem dúvida<br />

surgiram <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> fatores religiosos, econômicos, estratégicos e políticos, é<br />

claro que nem sempre dosados nas mesmas proporções.” 55 Ao contrário <strong>de</strong> enumerar as<br />

várias causas apontadas pelos historiadores, optamos por analisar diretamente na<br />

documentação os objetivos, fazendo com isso uma discussão sobre os argumentos<br />

apresentados ao movimento <strong>de</strong> guerra.<br />

A Crónica da tomada <strong>de</strong> Ceuta escrita por Gomes Eanes <strong>de</strong> Zurara inicia com o<br />

acordo <strong>de</strong> paz com Castela, mostrando como os reinos firmaram a trégua, observado no<br />

seguinte trecho:<br />

Mas é agora, primeiramente, <strong>de</strong> saber o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo que el-Rei havia <strong>de</strong> ver acabados os feitos<br />

da guerra que era entre ele e o reino <strong>de</strong> Castela. Não porque ele em seu coração, temesse o po<strong>de</strong>r<br />

dos Castelãos nem doutras nenhumas pessoas, cá assaz era <strong>de</strong>sforçado e valente em todos os<br />

casos perigosos. [...] Mas isto fazia [requerer a paz] a dois fins: o primeiro porque lhe pesava <strong>de</strong><br />

seu dano em quanto eram cristãos, e o segundo porque, guerreando com eles, não podia haver<br />

lugar para servir a Deus como <strong>de</strong>sejava. 56<br />

Nesta passagem, po<strong>de</strong>mos perceber como o critério <strong>de</strong> cismático teria um peso<br />

diminuto neste momento, pois se antes se lutava contra o castelhano por este seguir<br />

outro papa, neste caso o argumento é diferente, pois acima <strong>de</strong> cismático, o castelhano<br />

era cristão, e como tal, <strong>de</strong>veria prezar pela não violência.<br />

A paz ou trégua, tratada como benéfica para ambos os reinos, traria uma dupla<br />

visão aos portugueses, pois Zurara indica que uma parte aprovou, e outra se mostrou<br />

<strong>de</strong>scontente com tal política. Como afirmam Bailey Diffie e George Winius, “os mais<br />

velhos, muitos <strong>de</strong>les mercadores, pon<strong>de</strong>ravam as vantagens econômicas da paz. Mas os<br />

55 BOXER, Charles. op. cit., p. 33.<br />

56 GEZ-CTC, Cap. IV, p. 47-48.<br />

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