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minuciosamente o acesso ao conteúdo elaborado levando-os a assimilarem de maneira<br />

adequada sem terem sua autonomia negada nem suprimindo sua própria atividade 34 .<br />

E, na sua ação pedagógica, a disciplina ocupa um lugar de extrema importância. Mas,<br />

a disciplina em questão não se reduz àquela outrora descrita pela Escola Nova como sendo<br />

puramente autoritária e restritiva. Conforme explica Snyders,<br />

[...] considerada na sua totalidade, a disciplina escolar faz viver à criança a<br />

experiência dum poder moral, duma realidade moral: um comportamento<br />

que ultrapassa os caprichos, os humores, os desejos, tanto dos alunos como<br />

do professor; uma autoridade que transcende as pessoas, que não é a<br />

vontade dum determinado sujeito, que não será, portanto submetida a mil e<br />

uma variações, depois a arranjos, negociações, compromissos próprios dos<br />

interesses individuais. O ascendente que a regra exerce, ou antes, o conjunto<br />

das regras, constitui iniciação à ordem moral. Leva-nos a um estado de<br />

pureza em que os acasos, os limites da individualidade são ultrapassados, e,<br />

sobretudo as tendências diretamente interessadas são postas à margem, pois<br />

que cada um passa a sentir-se submetido às mesmas obrigações e assim<br />

unidos a todos os demais. (SNYDERS, 1974, p. 35)<br />

A disciplina que se encontra no núcleo da pedagogia tradicional tem um papel<br />

fundamental para o processo de ensino, e não apenas funciona como um meio ou mecanismo<br />

utilizado simplesmente para forçar os alunos a aprenderem, como afirma os seguidores da<br />

Escola Nova.<br />

Contudo, a questão da disciplina no exercício do processo educativo, caracterizada nos<br />

moldes apresentados pela Escola Nova – autoritária; que castiga o aluno para que aprenda –<br />

pode ser assim compreendida erroneamente por assemelhar-se à própria ação do ensino em si,<br />

que já se constitui, aparentemente como uma punição. Ou seja, o ensino constitui<br />

propriamente um processo que requer um esforço muitas vezes demasiadamente fatigante<br />

para que o conteúdo em jogo seja adequadamente apropriado. Como explica Gramsci,<br />

A criança que quebra a cabeça com os barbara e baralipton fatiga-se<br />

certamente, e deve procurar fazer com que ela só se fatigue quando for<br />

indispensável e não inutilmente; mas é igualmente certo que será sempre<br />

necessário que ela se fatigue a fim de aprender e que se obrigue a privações<br />

e limitações de movimento físico, isto é, que se submeta a um tirocínio<br />

psicofísico. Deve-se convencer a muita gente que o estudo é também um<br />

trabalho, e muito fatigante, com um tirocínio particular próprio, não só<br />

muscular-nervoso mas intelectual: é um processo de adaptação, é um hábito<br />

adquirido com esforço, aborrecimento e mesmo sofrimento. (GRAMSCI,<br />

1991, p. 138-139)<br />

Portanto, se o processo de apropriação do conhecimento na sua forma mais<br />

desenvolvida for colocado como centro de uma pedagogia, conforme ocorre com a pedagogia<br />

34 SNYDERS, 1974, p. 34-35<br />

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