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Sena (2006) observando os fenômenos da adolescência propõe que uma forma de<br />

expressão do conflito é através da conduta antissocial, o ato que o coloca na sociedade<br />

enquanto adolescente infrator. Para a autora esses adolescentes são pessoas que tentaram fazer<br />

sua inscrição na rede de assistência do estado das mais diversas formas e, na maioria das<br />

vezes, as portas desta rede lhe foram fechadas. Assim eles reagem e se impõem como podem,<br />

a sua revolta, fazendo retornar para a sociedade a violência com que foram segregados. O ato<br />

infracional seria a exigência de um lugar um lugar em uma sociedade excludente, em outros<br />

termos, uma resposta do sujeito, um modo dele se apresentar.<br />

Laranjeira (2007) aponta que a patologização da delinquência acontece através da<br />

resposta do social, ou seja, é a patologia que segue a delinquência e não o inverso, se esse<br />

social não corresponde às expectativas desejadas pelo adolescente, a transgressão passa a ser<br />

uma estratégia psicossocial, podendo induzir a cristalização. O que, segundo Winnicott<br />

(2005), pode ser considerado um momento em que os ganhos secundários aparecem<br />

dificultando a possibilidade de reversão da transgressão.<br />

Ainda Laranjeira propõe que consideremos a delinquência enquanto sintoma de<br />

patologia (nas situações em que os ganhos secundários aparecem) aponta a importância da<br />

não estigmatização, mas, a necessidade de assumir o comportamento delinquente enquanto<br />

uma estratégia de socialização em que configura um jovem que muitas vezes é vítima de sua<br />

constelação familiar, do sistema escolar, da situação sociocultural e de um universo<br />

sutilmente repressivo.<br />

Essas ideias corroboram com a proposta de Winnicott que nos apresentou em seus<br />

trabalhos uma vasta gama de idéias a cerca da adolescência e sua relação com a delinquência.<br />

Em seu livro Privação e Delinquência (2005) o autor relaciona a tendência antissocial com os<br />

aspectos de privação na primeira infância, referindo que a infração denuncia que aconteceu<br />

uma ―deprivação‖ (não uma simples privação). Deu-se a perda de algo bom de caráter<br />

positivo na experiência da criança, até certo momento, a retirada estendeu-se por um período<br />

maior que aquele durante o qual a criança seria capaz de manter viva a memória da<br />

experiência<br />

Caso ocorra essa deprivação na infância, o advento da adolescência fará com que esses<br />

conflitos retornem através de um corpo capaz de fazer-se notar, reivindica-se através de<br />

atuações a conquista de objetos sentidos como perdidos. Neste contexto, a conduta antissocial<br />

apresenta-se como um pedido de socorro, ―um ato de esperança‖ (WINNICOTT, 2005), uma<br />

busca intensa por compreensão, e cuidado devido a um psiquismo que não pôde conter essas<br />

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