14.05.2013 Views

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

GÓIS - Mosca!<br />

COMPANHIA - Pilhéria!<br />

ALFERES ANDRADE - Paródia<br />

PANTALEÃO - Fala cada um por sua vez! Quem disse - mosca?<br />

GÓIS - Fui eu.<br />

PANTALEÃO - Como é que explica?<br />

GÓIS - O senhor disse que era <strong>de</strong> matar no ar. O que é que se mata no ar? (Como quem mata<br />

uma mosca.) Mosca...<br />

NICOLAU - Mosca me parece você.<br />

PANTALEÃO - Quem disse pilhéria?<br />

COMPANHIA (Timidamente.) - Fui eu, mas retiro a expressão.<br />

ALFERES ANDRADE- Eu disse paródia! E ele é! O que é que tem graça? Paródia! (Murmúrios.)<br />

PANTALEÃO - Venham outros! Então? Ninguém? (To<strong>do</strong>s se põem a pensar. cascais, Pedrinho e<br />

Pantaleão são os únicos que observam.)<br />

ABEL (Apresentan<strong>do</strong>-se.) Dá licença?<br />

PANTALEÃO - Pois não! A entrada é franca! (À parte.) Quem será?<br />

NICOLAU - Decifrou a charada? (À parte.) Quem será?<br />

ABEL - Sim, senhor. Tomo esta fazenda: brim; sento-me nela, ca<strong>de</strong>ira...<br />

ALFERES ANDRADE (Interrompen<strong>do</strong>.) - Brinca<strong>de</strong>ira! Brinca<strong>de</strong>ira! Achei!<br />

ABEL - Brinca<strong>de</strong>ira, sim.<br />

ALFERES ANDRADE (Triunfante.)- Fui eu que disse!<br />

PANTALEÃO - Seu alferes, está fican<strong>do</strong> insuportável! Cale-se!<br />

ALFERES ANDRADE (Tiran<strong>do</strong> a espada.) - Insuportável! retire a expressão!<br />

PANTALEÃO - Ora, <strong>de</strong>ixe-se disso.<br />

ALFERES ANDRADE (Tranqüilamente.) - Está bom. (Guarda a espada.)<br />

HELENA (Satisfeita, à parte.) - Foi ele, foi ele!<br />

NICOLAU - O que tem você, menina? Parece estar sentada em alfinetes!<br />

PANTALEÃO - Toque a música! (Música <strong>do</strong>s italianos.) Vamos agora à pergunta enigmática.<br />

(Dan<strong>do</strong> um papel a Nicolau.) Leia, compadre.<br />

NICOLAU (Len<strong>do</strong>.) - "Que diferença há entre o senhor vigário e um rei?"<br />

ALGUNS - Nenhuma! Nenhuma!<br />

CASCAIS - Como nenhuma?<br />

ALFERES ANDRADE (Triunfante.) - Nenhuma! nenhuma!... Desta vez achei!<br />

GÓIS - Eu sei: é que o senhor vigário diz missa e um rei ouve.<br />

COMPANHIA - É que um rei é barba<strong>do</strong> e seu vigário não é. (Aparece Abel.)<br />

HELENA - Ele! ele!...<br />

NICOLAU - O que é isso, menina? (A Abel.) O senhor sabe a diferença?<br />

ABEL - Sim, senhor.<br />

NICOLAU (À parte.) - Este diabo tem cabeça!<br />

ABEL - Deixai-me dizer-vos, senhores,<br />

que a diferença é bem certa:<br />

o rei tem c'roa fechada<br />

e o padre tem c'roa aberta.<br />

TODOS - Muito bem! Muito bem! (Abel é cumprimenta<strong>do</strong>.)<br />

PANTALEÃO - Um belo improviso!<br />

PEDRINHO - Toquem a música. (Os italianos obe<strong>de</strong>cem.)<br />

PANTALEÃO - Agora o mote: (Dan<strong>do</strong> outro papel a Nicolau.) - Compadre, leia...<br />

NICOLAU - Eis o mote. (Len<strong>do</strong>.) "Meu bem será sempre meu."<br />

ALFERES ANDRADE - Ora, isto é fácil! Eu já adivinhei!<br />

PEDRINHO - Adivinhou o quê, seu Alferes?<br />

ALFERES ANDRADE - Adivinhei o mote!<br />

PEDRINHO (À parte.) Forte bruto! (Alto.) Pois diga.<br />

ALFERES ANDRADE (A Nicolau.)- Como é a adivinhação?<br />

147

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!