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Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

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O LIBERATO<br />

Comédia<br />

Oferecida ao Excelentíssimo Senhor<br />

Doutor Joaquim Nabuco<br />

Representada pela primeira vez no <strong>Teatro</strong> Lucinda <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 16 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1881.<br />

PERSONAGENS<br />

GONÇALO<br />

DOUTOR LOPES<br />

RAMIRO<br />

MOREIRA<br />

DONA PERPÉTUA<br />

ROSINHA<br />

A cena passa-se na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 1880.<br />

O teatro representa uma sala. Duas janelas ao fun<strong>do</strong>, duas portas <strong>de</strong> cada la<strong>do</strong>, quatro ca<strong>de</strong>iras e<br />

uma poltrona, consolos.<br />

CENA I<br />

ROSINHA, <strong>de</strong>bruçada a uma das janelas; DONA PERPÉTUA, entran<strong>do</strong> da esquerda, primeiro plano; logo<br />

<strong>de</strong>pois GONÇALO, da direita, segun<strong>do</strong> plano.<br />

DONA PERPÉTUA (Entran<strong>do</strong> <strong>de</strong> muito mau humor, com um vergalho na mão.) - Ora valha-me<br />

Deus! Não me faltava mais nada!...<br />

ROSINHA e GONÇALO (Descen<strong>do</strong> ao proscênio.) - O que foi?<br />

DONA PERPÉTUA - O diabo <strong>do</strong> negro - Deus me per<strong>do</strong>e! - agora é que se lembrou <strong>de</strong> cair <strong>do</strong>ente!<br />

Como até estas horas não saía <strong>do</strong> quarto, fui buscá-lo preparada com este vergalho, e encontrei-o<br />

ar<strong>de</strong>n<strong>do</strong> em febre. Desavergonha<strong>do</strong>!<br />

GONÇALO (Timidamente.) - O Liberato?<br />

DONA PERPÉTUA - O Liberato, sim senhor Pois quem havia <strong>de</strong> ser? É sur<strong>do</strong>? Que inferno! Esta só<br />

a mim acontece!<br />

ROSINHA - É coisa <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>?<br />

DONA PERPÉTUA - Um negro nunca tem coisa <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>! E este diabo, se não fosse valer uns<br />

oitocentos mil réis...<br />

GONÇALO - Vou chamar o médico?<br />

DONA PERPÉTUA - Vá, homem <strong>de</strong> Deus, vá! Mexa-se, com to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>mônios! Parece estar a<br />

<strong>do</strong>rmir!<br />

GONÇALO (Vai buscar o seu chapéu sobre o consolo que <strong>de</strong>ve estar entre as duas janelas, e<br />

dirige-se para a esquerda, segun<strong>do</strong> plano. A Rosinha, que se dirige à porta da esquerda, primeiro<br />

plano.) - On<strong>de</strong> vai?<br />

ROSINHA (Naturalmente.) - Vou ver o Liberato;<br />

DONA PERPÉTUA (Com autorida<strong>de</strong>.) Fique! (Rosinha volta e vai para a janela.) Por causa <strong>de</strong>stas e<br />

<strong>de</strong> outras confianças, é que o <strong>de</strong>mônio <strong>do</strong> negro...<br />

GONÇALO (Quase a sair, paran<strong>do</strong>.) - A<strong>do</strong>eceu?<br />

DONA PERPÉTUA - Cale-se. (Gonçalo <strong>de</strong>saparece) Agora vá lá ficar o dia inteiro, como é seu<br />

costume! Que mari<strong>do</strong>! (Sai pela direita, segun<strong>do</strong> plano.)<br />

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