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Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

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GARDEN (Entran<strong>do</strong>.) - Estar só?...<br />

BOATO - O que preten<strong>de</strong>m?<br />

TODOS - O senhor aqui?<br />

BOATO - Eu estou em toda a parte...mas o meu lugar predileto é na imprensa... imprimo um<br />

cunho especial a certas notícias.<br />

OPINIÃO - Você o que é, é um clichê!...<br />

BOATO - Sai-te daqui, meu pastel.<br />

ZÉ - Chamar pastel à minha mulher... se repete a chalaça, vai a um granel <strong>de</strong> bofetões a menos<br />

<strong>de</strong> real...<br />

BOATO - Eu justifico-me...<br />

ZÉ - Não quero ouvir nada... On<strong>de</strong> está o <strong>do</strong>no da <strong>casa</strong>?<br />

BOATO - O que preten<strong>de</strong>m?<br />

GARDEN - Eu quer tratar <strong>de</strong> questão... com outra companhia...<br />

ZÉ - E eu, certos negócios <strong>de</strong> família...<br />

BOATO - A Senhora Dona Imprensa não po<strong>de</strong> encarregar-se <strong>de</strong>ssa questão... vou mandar-lhes<br />

chamar o meu colega a cargo <strong>de</strong> quem estão esses negócios.<br />

OPINIÃO - Então que venha o colega...<br />

Cena XXIX<br />

Os mesmos e A Pedi<strong>do</strong><br />

A PEDIDO (Com uma bolsa na mão.) - Às suas or<strong>de</strong>ns... a cento e vinte réis cada linha <strong>de</strong><br />

quarenta letras... e mais <strong>de</strong>z mil rés para a responsabilida<strong>de</strong>...<br />

ZÉ - Quanto me po<strong>de</strong> custar? (Fala-lhe ao ouvi<strong>do</strong>.)<br />

A PEDIDO - Isso é carito...<br />

OPINIÃO (O mesmo.) - Por quanto me po<strong>de</strong> ficar?<br />

A PEDIDO - É puxadito...<br />

GARDEN (Ao A Pedi<strong>do</strong>.) - Vem cá, senhor.<br />

ZÉ - A senhora é que tem culpa <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isto com os seus caprichos...<br />

OPINIÃO - E você?<br />

ZÉ - E se nós fizermos as pazes?<br />

BOATO - O quê?<br />

ZÉ (A Boato.) - Sai-te daqui para fora...<br />

OPINIÃO - Eu não faço as pazes nem que você me vista <strong>do</strong> novo <strong>do</strong>s pés à cabeça.<br />

BOATO - E eu sei on<strong>de</strong> há excelentes e baratíssimas popelines.<br />

ZÉ - Vamos daí.<br />

OPINIÃO - Está dito. (Vão a sair os três.)<br />

A PEDIDO - Ó senhores? ... Venha cá... eu faço abatimento.<br />

ZÉ - A<strong>de</strong>us, meu amigo, <strong>de</strong>sta vez não tem freguês... Contente-se me viajar por Macaé e<br />

Campos, ou entretenha-se com os teatros. (Saem.)<br />

GARDEN - Está dito então...<br />

A PEDIDO - Não tem nada... Vossa Senhoria merece-me toda a confiança...man<strong>de</strong> os originais.<br />

GARDEN - E se tribunais não faz nada?... se imprensa no dá resulta<strong>do</strong>?... Oh! vai faz questão<br />

séria.<br />

(Sente-se uma salva <strong>de</strong> vinte e um tiros e, em seguida, gran<strong>de</strong> confusão <strong>de</strong> jornais. A Imprensa, to<strong>do</strong>s<br />

os personagens percorrem a cena alvoroça<strong>do</strong>s, gritan<strong>do</strong>.) Chegou Sua Majesta<strong>de</strong>.<br />

IMPRENSA - A mim to<strong>do</strong>s. Chegou o momento <strong>de</strong> saudar o chefe <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Vamos e provaremos assim,<br />

como o Brasil sabe honrar o seu primeiro cidadão, e sejam os nossos vivas ao Impera<strong>do</strong>r a manifestação<br />

<strong>do</strong> nosso amor pela pátria.<br />

UMA VOZ - Vivam Suas Majesta<strong>de</strong>s.<br />

TODOS - Vivam! (Saem.)<br />

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