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Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

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Melhor senhora com certeza<br />

Não há! Não há!<br />

(As gôn<strong>do</strong>las <strong>de</strong>saparecem com os gon<strong>do</strong>leiros, e as damas ficam ao fun<strong>do</strong>.)<br />

Coplas<br />

I<br />

DUQUESA - Não me foi a sorte avara,<br />

Eu não me <strong>de</strong>vo queixa.<br />

BARÃO (Sempre à parte.)<br />

- Não me é estranha aquela cara,<br />

Mas não me posso lembrar.<br />

DUQUESA - A ventura bem se escon<strong>de</strong>;<br />

Mas, no entanto, a <strong>de</strong>scobri.<br />

BARÃO - Não sei quan<strong>do</strong>, nem on<strong>de</strong><br />

Aqueles olhos já vi.<br />

AS DAMAS - Com é bela esta paragem!<br />

Fresca aragem<br />

Corre aqui!<br />

II<br />

DUQUESA - Da pobreza que vitória!<br />

Pois Duquesa hoje sou!<br />

BARÃO - Dou mil tratos à memória,<br />

E contu<strong>do</strong>, em branco estou...<br />

DUQUESA - 'Spero em breve ser rainha,<br />

Pois El-rei morre por mim!<br />

BARÃO - Ai, que cabeça esta minha!<br />

Nunca vi cabeça assim!<br />

AS DAMAS (Descen<strong>do</strong> à cena.)<br />

- Que lugar! que formosura!<br />

Que frescura!<br />

Que jardim!<br />

DUQUESA (Às damas.) - Afastai-vos! I<strong>de</strong> admirar os prodígios <strong>de</strong>sta natureza privilegiada.<br />

Preciso conversar a sós com sua Senhoria, o Senhor Barão <strong>do</strong> Bonsucesso. (À parte.) A casinha <strong>de</strong>ve ser<br />

esta.<br />

(As damas afastam-se para o fun<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> se divi<strong>de</strong>m em grupos.)<br />

Repetição<br />

AS DAMAS (Descen<strong>do</strong> à cena.)<br />

- Que lugar! que formosura!<br />

Que frescura!<br />

Que jardim!<br />

DUQUESA - Afinal! Chegou enfim o momento! (Dirigin<strong>do</strong>-se ao Barão e fitan<strong>do</strong>-o.) Olhe bem<br />

para mim! Não me conheces?<br />

BARÃO - Duquesa!<br />

DUQUESA - Desconhece-me! Não assombra! Há vinte anos que não nos vemos... as<br />

fisionomias transformam-se...<br />

BARÃO - Ah! Virgínia!!<br />

DUQUESA - Mas ouve: eu reconheci-te à primeira vista. Assim <strong>de</strong>veria ser: conservava <strong>de</strong> ti a<br />

mais <strong>do</strong>lorosa impressão. Era impossível que se me varressem da memória estes olhos, que me<br />

mentiram... esses lábios, que me mentiram... esse nariz...<br />

BARÃO - Nada! o nariz é que não te mentiu... E folgo <strong>de</strong> ver que ainda não <strong>de</strong>ste <strong>de</strong> mão ao teu<br />

romantismo.<br />

DUQUESA (Em outro tom.) - Dê-me Excelência, Barão.<br />

BARÃO - Dê-me Senhoria, Duquesa... e expliquem-nos. Des<strong>de</strong> que Vossa Excelência chegou, que<br />

tenho busca<strong>do</strong> a adivinhar em suas feições a fisionomia <strong>de</strong> outra pessoa. Vossa Excelência é a Virgínia,<br />

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