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Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

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À vez primeira em que nos vimos,<br />

amor veemente aqui brotou;<br />

os nossos corações unimos:<br />

ai, meu Deus! foi quanto bastou.<br />

pouco <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a ele unida<br />

(recordação que mal me faz),<br />

Manuel fez-me uma partida...<br />

Eu estava armada... Ah! meu rapaz!...<br />

Olá!, etc.<br />

(Com uma expressão langorosa.)<br />

Ah! Ah! Ah!<br />

O meu amor, meu tu<strong>do</strong>, etc.<br />

BENTO - Ah! a senhora anda à procura <strong>de</strong> seu Manuel?<br />

GERTRUDES - Ele está cá, pois não está! Ah! meu senhor estalaja<strong>de</strong>iro, diga-me, diga-me que ele<br />

está cá.<br />

BENTO - Sinto muito dizê-lo, senhora, mas... nunca o vi mais gor<strong>do</strong>.<br />

GERTRUDES - Aquele monstro! Aquele miserável! Semelhante conduta! Aposto que ele neste<br />

momento engana-me com mulheres, talvez!... Ah! senhor estalaja<strong>de</strong>iro, se você soubesse a história <strong>do</strong><br />

retrato...<br />

BENTO - Que retrato!<br />

GERTRUDES (Mostran<strong>do</strong> um medalhão que tira d algibeira.) - Deste que trago sempre aqui, na<br />

algibeira... uma senhora <strong>de</strong> Porto Alegre por quem ele an<strong>do</strong>u outrora apaixona<strong>do</strong>. (Abrin<strong>do</strong> o<br />

medalhão.) Você conhece por acaso alguma senhora <strong>de</strong> Porto Alegre, que se pareça com isto?<br />

BENTO - Não...<br />

BEATRIZ - Nunca a vi mais gorda...<br />

GERTRUDES (Fechan<strong>do</strong> o medalhão com cólera.) - Ó raiva! Sempre que me lembro <strong>de</strong><br />

semelhante velhacada, fico <strong>de</strong> tal forma impressionada... Senhor estalaja<strong>de</strong>iro, segure-me... eu... (Finge<br />

que <strong>de</strong>smaia nos braços <strong>de</strong> Bento.)<br />

BENTO - Então o que é isto, minha senhora? o que é isto?...<br />

GERTRUDES (A Beatriz, com voz sumida.) - Menina?<br />

BEATRIZ - Senhora?<br />

GERTRUDES - Quero tomar alguma coisa... alguma coisa quente!<br />

BEATRIZ - Quer ir lá para <strong>de</strong>ntro?<br />

GERTRUDES - Não sei! Estou tão fraca! Vou experimentar... (Dá alguns passos sustida por Bento<br />

e Beatriz; <strong>de</strong>pois endireita-se bruscamente e entra na estalagem, agitan<strong>do</strong> a chibata.) - Ah! velhaco!<br />

alma <strong>de</strong> cão! Se te apanho... (Beatriz segue-a.)<br />

BENTO (Só.) - Com certeza esta senhora tem uma aduela <strong>de</strong> menos! (Rodar <strong>de</strong> carruagem fora.)<br />

Hein? uma carreta. (Vai ver ao fun<strong>do</strong>.) Que vejo! Solda<strong>do</strong>s! Misericórdia! A conjuração foi <strong>de</strong>scoberta!<br />

Vão ser presos os conjura<strong>do</strong>s, e aqui estou eu comprometi<strong>do</strong>.<br />

CAPITÃO-GENERAL (Fora.) - Anda daí, Teobal<strong>do</strong>.<br />

TEOBALDO (Fora.) Pronto!<br />

CENA XI<br />

BENTO, CAPITÃO-GENERAL e TEOBALDO<br />

CAPITÃO-GENERAL (Entra, acompanha<strong>do</strong> por Teobal<strong>do</strong>.) - Muito bem! Esperem lá fora! (A<br />

Bento.) Você que é o <strong>do</strong>no <strong>de</strong>sta estalagem?<br />

BENTO - Eu é que sou o <strong>do</strong>no <strong>de</strong>sta estalagem. (À parte.) Estou arranjadinho...<br />

CAPITÃO-GENERAL - Aproxime-se<br />

BENTO (Tremen<strong>do</strong>.) - Às vossas or<strong>de</strong>ns.<br />

CAPITÃO-GENERAL - Viajo incógnito; mas como sei o que são estas estalagens, julgo conveniente<br />

preveni-lo que sou o Capitão-general...<br />

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