14.05.2013 Views

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cena XXX<br />

Entram Política, Boato e a Opinião<br />

BOATO (Ouve-se o Hino Nacional em surdina. Política entra quase <strong>de</strong>sfalecida encostada ao<br />

Boato.) - O que tem? Por que treme?<br />

POLÍTICA - Não sei, nem mesmo posso explicar o que senti ao ouvir aquela salva. (Torna a si e<br />

passeia agitada.)<br />

OPINIÃO (Ao Boato, espreitan<strong>do</strong>.) - É muito bem feito! Então entendia que era só fazer gastar<br />

dinheiro ao meu mari<strong>do</strong> e nada mais...<br />

POLÍTICA (Que tem passea<strong>do</strong> agitada.) - Aquelas notícias pelo telégrafo! Vamos, nada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sânimo! (Gran<strong>de</strong> vozeria.)<br />

ZÉ (Da esquerda, corren<strong>do</strong>.) - São eles, chegaram; estão <strong>de</strong>sembarcan<strong>do</strong>; corramos a vê-los e a<br />

ver as festas. (Saem corren<strong>do</strong> à esquerda.)<br />

POLÍTICA (A só.) - E eu a mudar <strong>de</strong> trajo.<br />

QUADRO XI<br />

Gran<strong>de</strong> festejo a Suas Majesta<strong>de</strong>s Imperiais<br />

Arco triunfal da Rua Direita.<br />

[(Fim <strong>do</strong> 2º Ato)]<br />

ATO TERCEIRO<br />

QUADRO XII<br />

Cena I<br />

(Ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res e Povo, Coro <strong>de</strong> Ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res. Segue coro <strong>de</strong> Povo.)<br />

BOATO - Como está tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>slumbrante! Só não compra quem não quer. E digam lá que a cida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro não possui a flor da gente para o negócio! Eis-me no meu elemento. Gente! Muita<br />

gente é o que eu quero! (A uma dama que passa.) Dizem que seu mari<strong>do</strong> a atraiçoa...<br />

DAMA - Isso é uma calúnia...<br />

BOATO - Talvez... mas há vizinhos que o afirmam...<br />

DAMA - Se fosse verda<strong>de</strong>... (Retira-se.)<br />

BOATO (A um padre.) - Posso dar-lhe os parabéns?<br />

PADRE - Por quê?! (À direita.) Passe bem...<br />

ESPECTADOR - Por cá! Saiba que ainda não me pu<strong>de</strong> safar daqui!... Olha que já é estopada!<br />

BOATO - Ora então cuida que se não sabe tu<strong>do</strong>!<br />

ESPECTADOR - Tu<strong>do</strong>?... O quê?...<br />

BOATO - O namoro com uma figurante da revista... uma rapariga toda chique que não ganha<br />

nada... e só no costume gastou para cima <strong>de</strong> <strong>do</strong>is contos <strong>de</strong> réis!<br />

ESPECTADOR - Pois o senhor julga-me capaz duma asneira <strong>de</strong>ssas?<br />

BOATO - Pensa que a não vi!... (Faz a cena cômica mudas <strong>do</strong> namoro.)<br />

ESPECTADOR - O senhor está zomban<strong>do</strong> comigo.<br />

BOATO - Tanto como este cavalheiro... (Passa um médico.) A... quem vou dar os parabéns...<br />

MÉDICO - A mim?<br />

BOATO - Corre que foi Vossa Excelência o primeiro coloca<strong>do</strong> no Concurso <strong>de</strong> Retórica e<br />

Medicina...<br />

MÉDICO - Não me dá novida<strong>de</strong> nenhuma... isso eu já sabia.<br />

ESPECTADOR (À parte.) - Talvez antes <strong>do</strong> concurso.<br />

BOATO - Assistiu?<br />

ESPECTADOR - Não pu<strong>de</strong>.<br />

BOATO - Pois per<strong>de</strong>u, porque há muito que se não reúnem seis talentos tão belos... Safe-se... lá<br />

vem ela.<br />

ESPECTADOR - Ela quem?<br />

210

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!