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Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

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BERMUDES - O coronel Casimiro apresenta <strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong> que as terras são <strong>de</strong>le! "Oh! digo eu cá<br />

comigo, esta agora fia mais fino!" Entreguei a minha causa na mão <strong>do</strong> Secundino Barbosa...<br />

FRANCISCA - Quem? Aquele rábule que brigou a soco com seu Reis nas eleições <strong>de</strong> 54?<br />

REIS - E por sinal me partiu <strong>do</strong>is <strong>de</strong>ntes. (Mostra a falta <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntes e fala com a boca aberta.) que<br />

nunca mais tornaram a nascer!<br />

BERMUDES - Esse mesmo! (Em tom lamentoso.) Ah! compadre! (Toma a mão <strong>de</strong> Reis.) Ah! comadre!<br />

(Toma a <strong>de</strong> Francisca, esquecen<strong>do</strong>-se que está suja.) Aquele homem foi a morte <strong>de</strong> minha causa!<br />

FRANCISCA E REIS - Sim? <strong>de</strong>veras?<br />

BERMUDES (Aban<strong>do</strong>na-lhes as mãos com <strong>de</strong>sânimo.) - E talvez seja a causa <strong>de</strong> minha morte! (Limpa a<br />

mão que pegou na <strong>de</strong> Francisca.)<br />

REIS - Ora não pense nisso!<br />

FRANCISCA - Ponha o coração à larga, compadre...<br />

BERMUDES - Tem razão, compadre; tem razão, comadre; ambos os <strong>do</strong>is tem razão. (Alegra-se aos<br />

poucos.) Principalmente hoje, véspera <strong>de</strong> Reis e dia <strong>de</strong> alegria, porque vi a vossemecês, a menina e<br />

amanhã verei também meu sobrinho. O tratante anda sempre a mudar-se e então agora está em férias:<br />

não posso procurá-lo na Aca<strong>de</strong>mia, Olhem que aquele rapaz é o meu peca<strong>do</strong>! Mas, graças às cabaças,<br />

está quase senhor <strong>do</strong>utor e pronto para mandar gente para o outro mun<strong>do</strong>... Pouco se me dá <strong>do</strong>s<br />

cobritos que tenho gasto com ele neste!<br />

FRANCISCA - E o que me diz a respeito <strong>de</strong> umas certas cartinhas trocadas entre seu Reis e o compadre?<br />

BERMUDES - Já não se fala nisso! A moça gosta <strong>de</strong> outro e amor não é imposto pessoal.<br />

FRANCISCA - Eu já não penso assim! Bem podíamos mostrar a Milu o verda<strong>de</strong>iro caminho da<br />

felicida<strong>de</strong>...<br />

REIS - Asneira no caso!<br />

BERMUDES (Sentencioso.) - Comadre, o verda<strong>de</strong>iro caminho da felicida<strong>de</strong> é aquele em que a gente anda<br />

por seu gosto e não aquele para on<strong>de</strong> nos empurram.<br />

REIS - Apoia<strong>do</strong>! Casem-se à vonta<strong>de</strong> as moças e <strong>de</strong>pois lá se avenham!<br />

FRANCISCA - O Compadre já sabe que o seu afilha<strong>do</strong>...<br />

BERMUDES - Já. Já sei que está na escola... na escola... (AReis.) Como é o nome da escola, compadre?<br />

REIS - Escola... escola... Como é, Dona Francisca?<br />

FRANCISCA (Zangada.) - Dona Francisca, hein?...<br />

REIS (Emenda.) - Como é, Dona Chiquinha?<br />

FRANCISCA - Ora! Eu tenho o nome <strong>de</strong>baixo da língua...<br />

BERMUDES - Eu também...<br />

REIS - Eu também... (Chama.) Milu, ó Milu! (Emília respon<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro com um grito.)<br />

REIS E FRANCISCA - Vem cá...<br />

OS TRÊS - Escola... escola... Ora!<br />

Coro<br />

Ó que diabo <strong>de</strong> nome!<br />

Ó que nome <strong>do</strong> diabo!<br />

A paciência consome<br />

e da pachorra dá cabo!<br />

CENA X<br />

OS MESMOS e EMÍLIA<br />

EMÍLIA - O que querem?<br />

OS TRÊS - Como é o nome da escola em que está o Antonico?<br />

EMÍLIA - Como? Não entendi!<br />

OS TRÊS - Como é o nome...(Calam-se e entreolham-se.)<br />

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